Um estudo realizado pela organização Conservação Internacional (CI) mostrou que os efeitos do mecanismo do REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação) podem ir muito além da questão climática. Cientistas consideraram que, com o apoio financeiro adequado, a taxa de extinção de espécies em florestas do mundo pode diminuir em até 80%. Os resultados foram apresentados durante os eventos da COP-16, em Cancún, no México.
O artigo se baseia em três cenários, nos quais o REDD+ conta com financiamento total, parcial e mínimo. Para o cálculo, foram consideradas as taxas de desmatamento de 85 países, no período de 2005 a 2010, estimando os impactos sobre as florestas caso o mecanismo fosse implementado em cada uma dessas condições.
Os números mostraram que, com um financiamento total (entre US$ 28 bilhões e US$ 31 bilhões por ano), a queda nas taxas de extinção poderia variar de 78% a 82%. Com um investimento por volta de US$ 15 bilhões, a diminuição chegaria a 74%. Mesmo no cenário de financiamento mínimo, de cerca de US$ 5 bilhões, a queda poderia atingir 49%. O estudo considerou as taxas de extinção de 2472 espécies florestais, entre anfíbios, aves e mamíferos.
“Um maior financiamento levará a maiores reduções no desmatamento, maior armazenamento de carbono nas florestas, e maiores benefícios para a biodiversidade. Isso tudo está interligado”, destacou Jonah Busch, economista para clima e floresta da CI.
Um das razões responsáveis por esses resultados deve-se ao fato de que os países com as maiores quantidades de animais endêmicos (limitados a determinadas regiões) possuem também, na maioria dos casos, as florestas tropicais mais extensas e, assim, maior potencial de participação do REDD+. Para se ter uma ideia, 25 dos países de alto endemismo abrigam 94% dessas espécies únicas.
O estudo também concluiu que o mecanismo poderia diminuir as taxas de desmatamento no mundo em até 72%. A derrubada e a queima das florestas tropicais é responsável por cerca de 15% das emissões de gases de efeito estufa de todo o planeta.
Segundo Rebecca Chacko, diretora de políticas climáticas da CI, a questão do aquecimento global não pode, no entanto, ser concentrada apenas na discussão do REDD+. “Precisamos também de progressos em todos os aspectos de um acordo climático e de um cronograma que coloque o mundo no caminho para alcançar esse acordo antes de 2012”, afirmou.