O consumidor hoje pode saber se o produto que compra é orgânico, respeita as leis trabalhistas, se foi testado em animais ou seguiu o conceito de comércio justo – esses são alguns de dezenas de selos e certificações disponíveis no mercado.
Em breve, promete a fabricante dinamarquesa de turbinas eólicas Vestas, haverá mais um – o WindMade, um selo para mostrar ao consumidor quais produtos são feitos usando a energia dos ventos.
A criação do selo foi anunciada dias atrás, mas os detalhes de como vai funcionar serão conhecidos em 28 de janeiro durante o Fórum Econômico Mundial, que ocorre em Davos. Para começar, a Vestas arregimentou um time de pesos-pesados para dar confiabilidade ao selo: WWF, PricewaterhouseCoopers, Bloomberg, além do Global Compact das Nações Unidas e o Conselho Global de Energia Eólica.
Segundo uma pesquisa feita em junho passado pelo Gallup junto a 25 mil consumidores em 20 mercados, 92% dos entrevistados acreditam que a energia renovável é uma boa solução para mitigar as mudanças climáticas. Segundo press release do consórcio organizado pela Vestas, se tivessem a opção, a maioria desses consumidores preferiria comprar produtos feitos com energia eólica, mesmo tendo que pagar mais por eles.
“Entretanto, enquanto muitas companhias já fizeram anúncios ousados sobre seu compromisso com as renováveis, os consumidores ainda não dispõem de maneiras de verificar a fonte de energia usada”, diz o release. Considerando que os consumidores realmente façam o que dizem aos pesquisadores, a missão do WindMade é dar-lhes transparência para poder optar. Mas, primeiro, o sucesso do selo depende da adesão de grandes fabricantes de produtos de consumo.
Se elas aderirem, esperam a Vestas e seus parceiros, poderá haver um belo aumento na demanda por energia eólica. Pelo que se sabe até agora, segundo uma reportagem da revista FastCompany, para se certificar com o WindMade, uma empresa teria que comprovar que pelo menos 25% da energia que usa vêm de usinas eólicas (sendo pelo menos metade de usinas construídas depois de 2010) e outros 25% provêm de qualquer outra fonte renovável. Ou seja, se o selo pegar, a Vestas só tem a ganhar. A companhia é a maior do mercado, mas vem enfrentando acirrada concorrência nos últimos anos.
Apesar do problema da intermitência dos ventos – eles não sopram todo o tempo e nem sempre com a mesma intensidade –, a energia eólica é vista como uma das fontes renováveis com melhores chances de competir com os combustíveis fósseis no futuro próximo. O setor viveu um boom no final da década passada, mas segundo algumas análises, experimentou sua primeira recessão no ano passado.
Segundo a FastCompany, a gigante provedora de dados e informações econômicas Bloomberg vai construir e manter o índice WindMade, um ranking público das maiores corporações segundo seu mix de energia e o percentual de energia eólica e renovável usado. A consultoria PricewaterhouseCoopers vai avaliar e garantir que as companhias cumpram o requerimento de 25% energia eólica e 25% renovável. Os primeiros produtos a receber o selo, segundo o consórcio, saem na frente em termos de marketing.
Resta saber se os consumidores vão superar a confusão que a profusão de selos e certificações causa, assim como uma certa fadiga com as promessas “verdes” dos produtos de consumo. Qual a sua opinião, toparia pagar mais por produtos “feitos pelo vento”?