Que países tratam melhor seus idosos? E quais estão preparados para o boom dessa faixa etária?
Estudo produzido pelo Center for Strategic International Studies (CSIS), uma não-governamental conservadora baseada em Washington que mapeia políticas públicas em todo o mundo, avaliou como 20 países, inclusive o Brasil, estão se preparando para o envelhecimento das suas populações.
Ele também propõe um índice que permite comparar o desempenho das nações, composto por dois indicadores, um de sustentabilidade fiscal, outro de adequação da renda. Esta apresentação em PDF resume a metodologia e as principais conclusões.
O indicador de sustentabilidade fiscal avalia três itens: quanto os governos gastam e pretendem gastar no futuro com os cidadãos dessa faixa etária, a capacidade que eles têm de arcar com o aumento de gastos nesse departamento (via aumento de impostos, redução nos gastos ou obtenção de crédito) e o quanto os idosos dependem da ajuda pública (por exemplo, qual a participação do governo no pagamento de aposentadorias). O Brasil não está bem posicionado para este indicador. Pegou a 15a posição.
O indicador de adequação de renda também avalia três itens: o nível de renda dos idosos e sua evolução em relação ao conjunto da população, se a classe média idosa tem uma renda adequada e o tamanho da pobreza nessa faixa etária, e o apoio dado pelas famílias e outras redes sociais. Aqui o Brasil pegou o segundo lugar, segundo o CSIS.
A seguir alguns gráficos que ajudam a visualizar essa realidade.
Este quadro mostra qual era a porcentagem da população acima de 60 em 2007 e qual deverá ser em 2040, o horizonte do estudo.
O próximo gráfico indica a porcentagem atual de idosos vivendo na pobreza. Os dados brasileiros podem parecer excessivamente otimistas, mas eles são corroborados por estatísticas recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Este gráfico, associado ao indicador de sustentabilidade fiscal, especula qual o tamanho do problema caso haja um corte nos gastos do governo. Mais precisamente, qual a porcentagem da população idosa que poderá cair abaixo da linha da probreza se houver um corte de 10% nos benefícios públicos:
Aqui temos a porcentagem de idosos que vivem com seus filhos adultos. Mais uma vez, uma informação que me parece surpreendente. Metade das pessoas acima de 60 vivem com pelo menos um filho adulto – porcentagem superior à do Japão, país notório pelos altíssimos aluguéis (o que dificulta o corte do cordão umbilical) e onde a tradição de viver com os pais é bastante forte.
E aqui vão os resultados obtidos pela organização para os dois índices, com a sustentabilidade fiscal na coluna da esquerda e a adequação da renda na coluna da direita. Países com numeração mais baixa estão mais bem posicionados:
A entidade sugere quais estratégias seriam mais adequadas para que estes países enfrentem com tranquilidade o envelhecimento de suas populações. No caso do Brasil, propõe, sobretudo, a redução dos gastos públicos com aposentadorias e outros benefícios (uma proposta que faz sentido, em tese. Daí a emplacá-la sem comprometer a qualidade de vida dos aposentados, é onde a porca torce o rabo). Os autores do estudo dão uma pista do que seria a solução quando elogiam a Austrália, que casa a aposentadoria pública com um sólido sistema de previdência privada. Ou seja, propõe a privatização pelo menos parcial desse serviço – o que é previsível, dado que o CSIS é mais alinhado com as teorias liberais.
Alguém gostaria de contribuir com este debate? Na sua opinião, estamos bem preparados para responder ao crescente envelhecimento da população mundial?