Uma pesquisa coordenada pelo MIT (Massachussetts Institute of Technology) e o Boston Consulting Group apontou que 70% das mais de 2.000 empresas de todo o mundo entrevistadas pretendem direcionar mais dinheiro ou atenção estratégica à área de sustentabilidade neste ano.
Uma das grandes surpresas foi detectar que o conceito de “sustentável” está ultrapassando a esfera climática, aproximando-se da ideia de viabilidade em longo prazo dos negócios e da relação com colaboradores e clientes. “Tal entusiasmo parece ter não só sobrevivido à crise, mas também à clara falta de progresso em direção a um acordo internacional sobre o combate às mudanças climáticas”, completa o documento.
Dessas companhias, cerca de 60% já haviam aumentado seus gastos na área no ano passado. No entanto, ocorre uma variação no nível de investimentos entre as próprias empresas, o que levou o relatório a definir dois perfis principais de companhias de acordo com sua natureza estratégica: o dos “amadores cautelosos” e o dos “abraçadores” da sustentabilidade.
O primeiro perfil, ao definir suas ações relacionadas à sustentabilidade, concentra-se em estratégias de prazos mais longos, menos ousadas e geralmente sem o ganho de competitividade como objetivo principal. Os abraçadores, no entanto, planejam seus investimentos com uma visão de retorno mais imediato, com medidas mais tangíveis para o curto prazo.
Companhias com esse perfil estão modificando suas estruturas de funcionamento com base em modelos de negócio mais sustentáveis. Elas acreditam que vão conquistar novos mercados, atrair talentos e conquistar reputação junto ao público. Segundo o estudo, somente 9% das companhias com menos de 1.000 empregados foram consideradas “abraçadores”, enquanto, no montante das grandes – aquelas com mais de 10.000 colaboradores – , 34% são classificadas nesse segundo perfil.
A categoria dos abraçadores engloba, em sua maioria, empresas que fornecem produtos, com recorrência menor daquelas voltadas aos serviços. Na indústria automobilística, por exemplo, 80% das companhias afirmaram que as estratégias de sustentabilidade são necessárias para aumentar a competitividade, enquanto cerca de 50% das empresas de cuidados com a saúde acreditam na mesma proposição.
“Pela primeira vez, temos clientes nos requisitando produtos mais sustentáveis, momento a partir do qual definimos nossa nova estratégia de sustentabilidade. Do nosso ponto de vista, é um negócio comprovado e vamos continuar nele”, afirmou um dos diretores globais da americana Procter & Gamble, Peter White.