O típico liberal norte-americano é alguém que vota nos democratas (ou independentes), aprova o casamento gay e o aborto, envolve-se na vida comunitária e promove práticas ambientais saudáveis. Pois bem, o playground desse sujeito chama-se Portland, capital do estado de Oregon, na costa do Pacifico. Passei os últimos dias na cidade, com a intenção de decidir se é o caso de transferir a família, de mala e cuia.
Veja os fatos e diga se não é o paraíso dos chamados “progressistas”:
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- Uma grande porcentagem da população usa a bicicleta diariamente. As magrelas representam 20% dos veículos que circulam por uma das principais vias da cidade, a ponte Hawthorne. Elas são tão populares que isso fez com que o preço das bicicletas disparasse na cidade, como indica esta análise do blog Freakonomics (da franquia de livros e filme que olha como a economia influencia o dia-a-dia e vice-versa).
- O transporte público é onipresente e funciona bem, mas aqueles que precisam de um carro de vez enquanto, para transportar compras por exemplo, podem alugar os carros e caminhonetes elétricos da Zip Car por uma taxa de US$ 7,50 a hora, mais uma anualidade de US$ 60 (que inclui manutenção e combustível). Os carros são pegos e devolvidos em diversos pontos da cidade, de modo que é tudo muito prático.
- A cidade tem um respeito acima da média pelo seu patrimônio cultural e arbóreo. Você precisa de uma autorização para remover qualquer árvore que tenha mais de 30 centimetros de diâmetro, mesmo que ela esteja dentro da sua propriedade. A maior parte dos prédios históricos está preservada, em parte porque a cidade proibiu a construção de grandes centros comerciais e supermercados no seu perímetro. Em outras partes dos Estados Unidos, teatros e mansões antigos foram derrubados para dar lugar a Wal-Marts. Não em Portland. O unico Wal-Mart da região fica fora dos limites da cidade.
- Aliás, Portland é obcecada pelo comércio local. A maior parte das lojas é pequena e pertence a gente da cidade. O mercado de produtores rurais, que leva produtos frescos da região direto aos consumidores, é um dos mais bem sucedidos do pais.
- A cidade elegeu prefeito, sem maior alarde, o gay Sam Adams – que se tornou o primeiro homossexual assumido a dirigir uma grande cidade norte-americana.
- Voce vê, aqui e acola, clínicas que oferecem “maconha para fins medicinais”. Receitas são emitidas com liberalidade.
- A cidade tem 35 hortas comunitárias. Vizinhos plantam e cuidam desses jardins públicos e depois compartilham seus frutos.
- A campanha do presidente Barack Obama teve um de seus comícios mais bem sucedidos em Portland. Entretanto, vale lembrar que a cidade contribuiu para a derrota da candidatura de Al Gore (que perdeu no tapetão a disputa com George W. Bush em 2000). Portland votou maciçamente em Ralph Nader, então candidato do Partido Verde, militante dos direitos dos consumidores que se posiciona à esquerda dos democratas.
E aí? Não quer se mudar comigo e ser um dos 580 mil habitantes de Portland?
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