“São Paulo continua como a mais importante financiadora da devastação da Amazônia”, conclui Leonardo Sakamoto, um dos responsáveis pela segunda parte do estudo Conexões Sustentáveis, divulgado no final de fevereiro. Segundo ele, grandes empresas que atuam na cidade mantêm fornecedores na Região Amazônica responsáveis por práticas como escravidão, trabalho infantil e desmatamento.
O estudo foi dividido em três blocos: pecuária bovina, soja e madeira. Para cada um deles são apresentadas situações que atestam a ligação entre as empresas e as atividades ilegais. No caso da madeira, apontado como um dos mais graves, a pesquisa identifica atividades que, numa primeira visão, estariam desvinculadas, mas que se combinam numa mesma cadeia produtiva ilícita.
Há situações, por exemplo, em que a madeira ilegal é usada nas caldeiras de grandes frigoríficos. Assim, mesmo comprando carne lícita, eles continuam incentivando a ilegalidade.
O caso da madeira se destaca devido às projeções de crescimento do setor da construção civil, atualmente o que mais utiliza madeira ilegal em São Paulo. Até 2030, seu PIB deve crescer em torno de 200%.
Segundo Sakamoto, muitas das empresas saem pela tangente, alegando que seu produto provém de uma área legal, mesmo que esta esteja relacionada a um proprietário ou uma propriedade com territórios embargados.
“Continua-se, da mesma forma, financiando áreas ilícitas quando um produtor usa o dinheiro das partes legais para investir nessas outras áreas. É só uma forma de contornar a fiscalização.”
O estudo é uma iniciativa do Fórum Amazônia Sustentável e do Movimento Nossa São Paulo, em parceria com as ONGs Repórter Brasil e Papel Social Comunicação.