O Greenpeace está organizando uma petição on-line que pede a suspensão da licença de operação da usina nuclear de Angra 3, em fase inicial de construção. A mobilização ganhou força depois dos problemas enfrentados pelo complexo atômico de Fukushima, no Japão, logo após o terremoto que atingiu o país no último dia 11 de março.
Em referência direta à presidente Dilma Rousseff, a organização pede pelo fim do projeto, alegando ainda que países como Alemanha, Rússia, Estados Unidos e China já estão revisando seus planos de manutenção e construção de usinas nucleares. Além de Angra 3, o Ministério das Minas e Energia planeja construir mais sete novos complexos em vários estados brasileiros, a maioria deles no nordeste.
Segundo o Greenpeace, mesmo após o episódio japonês, não há nenhum sinal da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) de revisão da estratégia de construção dessas usinas. “O investimento não compensa. Angra 3 nem começou a ser construída e já custou R$ 1,5 bilhão em equipamentos. Para ser concluída, precisará de mais R$ 9 bilhões. Sua tecnologia é ultrapassada, a geografia da região é instável e populosa e não há plano eficiente de evacuação”, afirma.
No último final de semana, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, demitiu toda a direção da CNEN, inclusive seu presidente, Odair Dias Gonçalves, depois de receber a confirmação de que três reatores nucleares presentes em universidades brasileiras funcionam sem licença de operação. Mas o maior impacto foi ao saber que Angra 2 está operando há mais de dez anos sem autorização permanente. Além de negligência técnica, Gonçalves é acusado de favorecer amigos próximos com viagens e cargos públicos.
O Greenpeace gravou um vídeo em que explica as principais fases do ciclo do urânio brasileiro, desde a sua extração em Caetité (BA), até o armazenamento do lixo radioativo gerado por Angra 1 e 2 (assista ao lado).