Foi o Carnaval deixar a avenida que as questões que incendiaram os últimos dias de 2010 voltaram com força total. Depois que deputados tentaram aprovar às pressas as alterações do Código Florestal propostas pelo relator do novo projeto de lei (PL), o Deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), no final do ano passado, ressurge agora a perspectiva de que a pauta volte à tona na bancada de discussões do Congresso.
Contrários às mudanças na lei, a Fundação Boticário, o SOS Florestas, além de outras organizações ambientais, lançaram ontem o vídeo “Código Florestal em Perigo”, que explica alguns dos prováveis efeitos da flexibilização da lei atual (assista ao lado).
Sob formato bastante didático, o filme atenta para a diminuição das áreas destinadas à preservação permanente, aumentando os riscos de erosão, desmoronamentos e enchentes, inclusive nas cidades. Uma das principais inovações do vídeo é trazer essa questão do ambiente urbano para o centro das discussões sobre o Código, já que esse era tratado como tema relacionado principalmente às áreas rurais. Os desastres ocorridos na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, no início do ano, ajudaram a levar a questão à porta das casas das cidades.
O vídeo afirma ainda que, se todas as mudanças propostas forem aprovadas, o Brasil poderia gerar até 13 vezes mais gases de efeito estufa, em relação aos índices de 2007. Só com a redução das matas ciliares, o País perderia uma área florestal correspondente a 2 milhões de campos de futebol.
O filme faz parte de uma campanha de mobilização para conseguir 200 mil assinaturas em uma petição que será encaminhada ao Congresso requerendo o fim do PL. No final da semana passada, Rebelo afirmou que o projeto deve ser colocado em votação já no próximo mês.
Mais sobre o PL e possíveis alternativas de conciliação na reportagem “Não tem pendura”, da edição 44 de Página22.