[vimeo]http://vimeo.com/20282945[/vimeo]Nessa semana em que o presidente americano Barack Obama anunciou sua candidatura à reeleição, vem à lembrança sua esfuziante campanha anterior e fica a pergunta de como será a próxima. Meses atrás, em janeiro, o filósofo da ciência Ervin László citou Obama como o exemplo maior da ambigüidade de muitos dos líderes contemporâneos. Eleito com a plataforma de “sim, podemos”, após alguns anos no governo seu slogan parece ter se tornado “não, infelizmente não podemos”. Um dos temas da campanha de Obama que acabaram abandonados no governo são as mudanças climáticas.
László foi membro do Clube de Roma e, em 1993, fundou o Clube de Budapeste, uma “associação internacional informal dedicada a desenvolver uma nova maneira de pensar e uma nova ética que ajude a solucionar os desafios sociais, políticos, econômicos e ecológicos do século XXI”. Convidado a falar sobre liderança durante a última edição do Fórum Econômico Social, em Davos, László não foi direto ao ponto: “É uma empreitada fútil esperar que os líderes do mundo de hoje tragam mudança duradoura”. Segundo ele, muitos deles são indivíduos brilhantes e têm uma boa compreensão dos desafios atuais, mas o sistema não os permite agir.
Em uma democracia, lembrou Lászlo, os verdadeiros líderes são as pessoas e, ao estilo de Gandhi, os líderes eleitos devem segui-las. Se elas não sabem para onde ir ou se estão indo na direção errada, os líderes têm o papel de informá-las. “Um verdadeiro líder é aquele que permite que as pessoas ao seu redor exerçam verdadeira liderança”, resumiu László.
Nada mais longe das imagens que chegam da Líbia, onde as demandas por liberdade de expressão seguem ignoradas e os cidadãos, bombardeados por seus próprios líderes. Em outros países da região, como Egito e Tunísia, as pessoas foram capazes de mudar a liderança – e, mais interessante, em movimentos sem líderes claramente definidos. Em várias outras partes do mundo, inclusive em nações desenvolvidas, as pessoas estão saindo às ruas para dar seu recado aos líderes – veja aqui um mapa dos protestos recentes.
Permitir que as pessoas ao redor exerçam verdadeira liderança demanda informação, afirmou László, e os líderes contemporâneos operam com base em informação obsoleta. “Estamos operando em um paradigma clássico, o que significa manipulação, ou tratar o sistema humano como se fosse uma bicicleta, se o pedal não funciona mais, basta trocá-lo”, disse. O mundo, entretanto, é um sistema interdependente em que não há lugar para líderes intervencionistas. “O grande desafio para as lideranças é fazer avançar o ethos de que somos parte de um mundo que está à beira de uma crise séria”.
László disse esperar não que os líderes que criaram esse mundo se juntem para tentar melhorá-lo, como quer o fórum em Davos, mas que pessoas novas capazes de transformar o mundo se juntem. “Temos energia suficiente, dinheiro, tecnologia, know how. Temos valores velhos e informação obsoleta, se mudarmos isso, podemos ter 7 ou 8 bilhões de pessoas vivendo bem neste planeta”.