A adoção de poucos recursos tecnológicos disponíveis no Brasil poderia elevar a lotação média das pastagens brasileiras de 1,14 para 1,5 cabeça por hectare, liberando 69 milhões de ha para a agricultura. Trata-se de número maior que os 60 milhões de ha ocupados hoje por lavouras. A estimativa está no artigo “A revisão do Código Florestal Brasileiro”, publicado na edição de março da revista Novos Estudos pelo professor Gerd Sparovek, da Esalq/USP, e outros quatro pesquisadores.
Segundo os autores, a produtividade da pecuária poderia aumentar ainda mais se fossem empregadas alternativas tecnológicas mais intensivas, como correção do solo, adubação na formação das pastagens, uso de forrageiras melhoradas e manejo reprodutivo e sanitário eficientes. Além de redução significativa nas emissões de gases-estufa, o uso de mais e melhor tecnologia no pasto também implicaria carne bovina de melhor qualidade.
“As alegações de que a legislação ambiental impõe restrições não contornáveis para o desenvolvimento do setor agropecuário são equivocadas, mas extremamente úteis para justificar e permitir a manutenção da ineficiência de alguns setores (…)”, alfinetam os pesquisadores.
O artigo foi um dos subsídios usados no livro O Código Florestal e a ciência: contribuições para o diálogo, publicado no final de abril pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC). A publicação descarta fundamento científico nas mudanças previstas no substitutivo do deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP) ao projeto que reforma o Código Florestal e pode ser acessada aqui.