Sinal vermelho não foi feito para limitar a velocidade dos veículos. Cada vez mais, os sinais de trânsito das metrópoles visam negociar os interesses dos mais diversos usuários, como mostra o vídeo produzido pelo Urban Omnibus, um projeto da Liga Arquitetônica de Nova York. O conjunto dos 12,4 mil sinais de trânsito de Nova York, em última instância, determina quem tem o direito de atravessar um cruzamento em determinado momento e quem deve esperar. É um sistema para organizar a complexidade do trânsito na cidade.
A organização começa, segundo o diretor do Centro de Gestão de Tráfico de Nova York, com uma estimativa de quanto tempo os pedestres levam para cruzar uma determinada rua. Depois, de acordo com o volume de veículos em cada direção, procura-se acomodar o tráfego. É um certo alívio saber que as pessoas, e não os carros, são a primeira peça do quebra-cabeça. Pessoas também estão por trás de metade dos sinais da cidade, que ainda dependem de comandos mecânicos e de reclamações do público quando há mal funcionamento. Os demais são controlados por computador, e a intenção é que todos os sinais estejam integrados ao sistema computadorizado em breve.
A Liga Arquitetônica de Nova York vem explorando a ubiqüidade da tecnologia nos espaços urbanos, e em 2009 organizou a exposição Cidade Sentiente, que gerou a publicação recente de um livro do mesmo nome. Segundo o curador da exposição, a intenção foi explorar o impacto que as tecnologias digitais, que cada vez mais parecem desmaterializar o mundo à nossa volta, têm sobre “a insistente materialidade de edifícios e cidades”. No caso do sistema de tráfego de uma cidade como Nova York, o impacto é visível diariamente, embora a maioria de nós nem se dê conta.
O vídeo sobre o sistema de trânsito inicia a série Cidade de Sistemas, em que o Urban Omnibus busca um olhar poético por trás dos complexos sistemas com que convivemos. “Queremos promover a apreciação da complexidade e sofisticação dos sistemas urbanos que atualmente permitem que nos engajemos em nossas atividades diárias, esses sistemas que tomamos como naturais – como a expectativa de que um sinal vai sempre, eventualmente, ficar verde”.