Tem algo que proporciona mais alegria na vida do que, quando criança, sentar em um balanço e deixar ele te levar, aquele frio na barriga quando pega impulso, parece que vai voar? Pois o artista americano Jeff Waldman, tempos atrás, discutindo com amigos quais seria o veículo que evocaria a sensação de pura alegria, elegeu o balanço. Sim, esse “brinquedo” quase rudimentar que a gente adora quando criança e vai esquecendo com o passar dos anos.
“As respostas mais fáceis sobre onde encontrar pura alegria vieram de nossas infâncias e a mais comum foi o balanço”, escreveu Waldman, que a partir de então embarcou em um projeto para instalar balanços em vários pontos de São Francisco, inspirando outras cidades a copiar a iniciativa. “É uma mensagem universal”, diz ele. “Um apelo para celebrar as paixões de nossa juventude, render-se a impulsos simples, mas principalmente para lembrar as pessoas da diferença que um sorriso pode fazer para o seu dia e o efeito contagiante que aquele sorriso tem”.
O projeto em Los Angeles rendeu um vídeo, um prêmio de mil dólares da Awesome Foundation – composta por associações de pessoas comuns que concedem pequenos prêmios a projetos que “desafiam ou expandem a compreensão dos nossos potenciais individual e coletivo” – e, claro, um novo projeto. A repercussão do projeto dos balanços nos EUA e no Panamá foi tanta, que Waldmann decidiu levá-lo para a Bolívia.
Segundo Waldman, 49% da população boliviana tem menos de 20 anos, um em quatro bolivianos tem entre 10 e 19 anos e, de mil meninas adolescentes, 88 estão grávidas. “A Bolívia é um país amplamente povoado por crianças, poucas das quais podem aproveitar a infância”, justifica o artista. O plano é passar um mês em comunidades bolivianas aprendendo sobre o estado emocional do país e seus cidadãos. “Não vamos apenas jogar uma corda em uma árvore – vamos plantar a ideia de criar alegria improvisada”. Ele quer documentar a experiência e, com isso, espalhar o desejo de criar essa mesma alegria improvisada ao redor do mundo.
Além de uma causa nobre, o projeto de Waldman tem outras coisas interessantes. Entre elas, o apoio da Awesome Foundation, uma organização iniciada em 2009 em Boston para “micro-financiar” projetos “maravilhosos”. Hoje a fundação tem filiais em 18 cidades de vários países, onde 10 pessoas se juntam e se comprometem a contribuir com 100 dólares mensais para o prêmio. Os aplicantes apresentam suas ideias e todo mês há um vencedor.
Para o projeto na Bolívia, Waldma faz uso da Kickstarter, uma plataforma online de financiamento coletivo para projetos criativos. A Kickstarter e outras plataformas semelhantes tornam possível o que poucos anos atrás pareceria inimaginável: levantar fundos para colocar na rua projetos sem fins lucrativos. No caso de Waldman, o lucro está no sorriso de quem se sentar no balanço.