Tem ares surreais a conclusão do outro estudo, publicado em junho pelo Instituto de Meio Ambiente de Estocolmo, na Suécia. Depois de examinar quatro trabalhos recentes que comparam compromissos de mitigação dos gases-estufa entre países ricos e em desenvolvimento assumidos nos Acordos de Cancún (dezembro de 2010), o instituto infere que os cortes nas emissões dos primeiros seriam menos volumosos que nas dos segundos.
Mais aterrorizadora, ainda, é a avaliação de que os cortes prometidos não serão suficientes para evitar aumento na temperatura média da Terra acima de 2 graus. Poderá mesmo subir em até 5 graus.
Os suecos observam que suas conclusões não significam que os compromissos dos países em desenvolvimento são excessivos. Acreditam que, além da necessidade de melhora substancial nas metas dos países ricos, é possível ampliar a redução nas emissões dos países em desenvolvimento com apoio financeiro e tecnológico das nações mais prósperas, de modo que o aumento na temperatura fique entre 1,5 grau e 2 graus.
Entre tantas discrepâncias, as conclusões dos documentos do WRI e do instituto sueco são coerentes com o ceticismo que marcou a nova rodada de negociações da Convenção do Clima ocorrida em junho em Bonn, na Alemanha. Houve, sim, evoluções tópicas, como no tema da transferência de tecnologia, mas não se avançou nos eixos centrais das negociações climáticas: o futuro de Kyoto após 2012, os compromissos de cortes nas emissões no período 2013-2020 e o financiamento das ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas das nações em desenvolvimento.