A ética no trato aos animais está começando a integrar o cardápio da indústria de fast-food dos Estados Unidos – pelo menos da boca para fora.
A rede Chipotle, de comida mexicana, foi das primeiras, quando lançou seu programa Comida com Integridade, progressivamente construído desde 1999. Dentre seus compromissos está o de “apoiar e sustentar produtores familiares que respeitam a terra e os animais de que cuidam”. Seu website informa que 35% das vacas produtoras do leite consumido na rede alimentam-se de pastagens e que a empresa está buscando fornecedores de carne de porco e frango que criem os animais em liberdade. Mas nem tudo são flores – num contexto mais geral, a integridade da comida oferecida pela Chipotle tem sido questionada, sobretudo por sindicatos que reclamam das condições trabalhistas na empresa.
Mais para a frente, a partir de 2007, as redes Burger King, Carl’s Jr. e Hardee’s decidiram adquirir ovos de galinhas que não eram criadas em espaços confinados – mas estes ainda representam uma fatia pequena dos ovos consumidos por elas. Em março do ano passado, a rede de sanduíches Subway, que tem 32 mil lanchonetes no mundo, anunciou que estava trabalhando para que, em breve (não está claro quando), a totalidade dos ovos que consome nos EUA tenham a mesma procedência. Na época, 4% dos ovos usados no menu de café da manhã da Subway vinham de galinhas criadas soltas. Outras redes, como Wendy’s, Denny’s, Golden Corral e Sonic fizeram promessas semelhantes – sem, necessariamente, dar o horizonte em que pretendem completar a mudança.
Alguns marketeiros já declararam que essa será a nova grande tendência do varejo que se quer ético. Phil Lempert, consultor e analista da indústria de alimentos que se auto-intitula “Supermarket Guru”, escreveu em suas previsões de tendências para 2011: “Dê passagem comida local. Agora é a vez dos alimentos que zelam pelo bem estar dos animais”.
As redes de fast-food não são as únicas a embarcar nessa. A totalidade dos ovos que levam a marca do varejista Wal-Mart e do atacadista Costco vêm de produtores que criam galinhas livremente. E as gigantes alimentícias Kraft, Sara Lee, Hellman’s e Barilla estão progressivamente aumentando a participação desse tipo de produto.
É um movimento incipiente mas importante – hoje, cerca de 95% dos ovos consumidos nos Estados Unidos são postos por galinhas confinadas. A pressão das redes de fast-food, dos varejistas e das indústrias será essencial, num futuro talvez não muito distante, para mudar esta realidade.