É desde a gênese do capitalismo que os bancos se tornaram os lugares de excelência para lidar com a movimentação do dinheiro. E, da mesma forma que os últimos tempos têm exigido outros caminhos para esse sistema econômico, novas alternativas têm se anunciado diante do reinado desses gigantes financeiros.
Nesse novo sistema, a moeda de troca nem sempre é de metal e cunhada com os brasões do país de origem.
É o caso dos Time Banks, presentes em 22 países, dentre eles Estados Unidos, Reino Unido, Chile e Coreia do Sul. Nesses bancos, todas as operações são baseadas no Time Dollar (“tempodólar”, em tradução livre).
O usuário despende um certo período de tempo em uma atividade, geralmente no âmbito de sua comunidade, e escolhe receber outros serviços. Tudo baseado na quantidade de horas por ele depositadas no banco e na atividade que desempenhou.
“Com o Time Banks, você trabalha com um pequeno grupo de indivíduos comprometidos que estão unidos por um bem comum. Ele o conecta ao melhor das pessoas, pois desenvolve um sistema que liga necessidades não satisfeitas com recursos inexplorados”, afirma o site da entidade.
A organização de sistemas bancários diferentes dos convencionais não é, no entanto, novidade no mundo islâmico. O empréstimo de capital a juros é proibido pelo Alcorão, o que impossibilita qualquer desenvolvimento de atividades características dos bancos ocidentais em países que têm o islamismo como orientação religiosa. Para contornar esse problema, as instituições financeiras muçulmanas desenvolveram um sistema baseado na partilha de lucros e perdas.
Nesses bancos, o empréstimo de capital também ocorre, mas de uma maneira diferente. Por modalidades como participação nos lucros e joint ventures, essas instituições firmam parcerias com quem deseja adquirir capital para determinada operação.
Mas uma das alternativas que tem ganhado crescente destaque, particularmente no mundo das redes, é o bitcoin, espécie de moeda virtual descentralizada e desenvolvida na própria Internet.
Criada por Satoshi Nakamoto em 2009, a moeda digital é construída em código aberto, isto é, sem qualquer forma de propriedade individual. Devido a isso, não sofre influência de instituições intervenientes na economia, como bancos centrais ou fundos internacionais.
A economia do bitcoin ganhou volume nos últimos meses e operações com serviços e bens tangíveis, como desenvolvimento de softwares e venda de carros usados, já estão sendo efetuadas. Além disso, há comerciantes que já fazem câmbio com moedas tradicionais como o dólar americano, o rublo russo e o yen japonês.
“O bitcoin pode não ser a solução definitiva, mas é mais uma ferramenta para usar na busca por sustentabilidade de nossos projetos. Para quem tem paciência de entender como funciona, ele oferece uma maneira segura de transferir recursos de um lugar para outro”, afirma o programador Felipe Fonseca.
(Mais sobre o bitcoin e seus possíveis impactos relacionados à economia tradicional neste artigo de Fonseca, que também lançou, em maio, um livro sobre a nova moeda).
Mercado emergente
Esse são apenas três exemplos de uma gama inesgotável de iniciativas sob o guarda-chuva das finanças éticas ou solidárias, que incluem fundos solidários, moedas sociais, cooperativas de crédito entre outras modalidades. Na Europa, são 12 os chamados “bancos éticos” (veja aqui uma lista), tendência que emergiu nos anos 1980 com o perfil de investimento exclusivo na economia real. Nada de malabarismo financeiros destinados a criar papéis-ficção. O principal traço definidor desses bancos é a total transparência sobre suas operações, o que confere ao cliente o poder de supervisionar (ou de decidir) aonde vai parar o seu próprio dinheiro.
Ok, estamos falando de um mercado que representa, atualmente, apenas 1% da indústria financeira tradicional, segundo a rede BankTrack. Mas vale lembrar que nenhuma dessas entidades precisou pedir socorro aos governo nacionais durante a crise, e registram taxas de crescimento da ordem de 15% a 20%.
No relatório produzido pela BankTrack dá para saber muito mais sobre os bancos éticos europeus e como eles operam.