Pelo menos na teoria, os políticos americanos só têm a ganhar ao adotar uma postura em favor do meio ambiente. É o que revelam os resultados de uma pesquisa recém-divulgada pelo Woods Institute for the Environment da Universidade de Stanford, na Califórnia.
O Instituto partiu de pesquisas anteriores, feitas desde os anos 90, mostrando que a maioria dos americanos acredita que a temperatura da Terra aumentou nos últimos 100 anos, que o aquecimento é pelo menos em parte causado por atividades humanas e que o governo deve agir para reduzir emissões de gases de efeito estufa. Tal conjunto de crenças é agrupado pelos pesquisadores como uma “postura verde” e deveria indicar que os eleitores preferem candidatos que compartilham sua visão.
“Mas não é assim que uma eleição funciona – um assunto como a mudança climática geralmente não influencia os votos de todos os cidadãos”, destacam os pesquisadores. Apenas eleitores entre aqueles que prestam atenção e consideram o tema extremamente importante para eles pessoalmente – um grupo estimado em cerca de 38 milhões de americanos – decidem seu voto com base na questão climática.
Para testar a hipótese de que os políticos têm boas chances de ganhar os votos de tais eleitores ao assumir uma postura verde – e de perder votos com uma postura contrária –, os pesquisadores ouviram cidadãos nos estados da Florida, Maine e Massachusetts em julho de 2010 e fizeram uma pesquisa nacional em novembro de 2010.
Os entrevistadores leram declarações de um candidato hipotético ao Senado e os eleitores responderam sobre quais as chances de ele receber seu voto. Todos os eleitores ouviram declarações sobre outros assuntos além da mudança climática. Alguns ouviram declarações em favor do meio ambiente, alguns ouviram declarações contra o meio ambiente, e para alguns não houve declaração sobre o assunto.
Os resultados mostraram que faz diferença ter uma postura sobre o meio ambiente e a questão climática: candidatos hipotéticos com uma postura verde ganharam votos, aqueles com uma postura contra, perderam. Os candidatos que mais se beneficiam de uma postura verde são os do Partido Republicano – que na vida real tendem a se opor à ação governamental em relação ao clima.
“Além de ajudar a atrair eleitores independentes, candidatos republicanos com postura verde talvez tenham mais sucesso ao tentar seduzir cidadãos democratas em eleições gerais, especialmente se seus adversários democratas permanecerem silenciosos na questão do clima”, escreveram os pesquisadores. Eles acrescentaram que assumir uma postura ambiental aparentemente não afeta os votos de eleitores republicanos em candidatos republicanos. Ser verde, portanto, pode ser uma estratégia vencedora para candidatos do Partido Republicano.
Os pesquisadores alertam que o estudo tem limitações, especialmente porque nos EUA nem todos os cidadãos votam, porque foram medidas intenções de voto e não os votos em si, e porque um candidato no mundo real adota posturas em relação a um número maior de temas do que a pesquisa assumiu. Mais importante, notam, seria importante investigar o que acontece quando a postura ambiental adotada por um candidato é atacada por seus oponentes.
O que daria bom pano para manga seria pesquisar porque tantos candidatos, apesar das indicações do estudo, rejeitam uma postura ambiental. Quais fatores estariam influenciando os políticos mais do que a visão de seus eleitores?