O grupo de hackers anarquistas conhecido como “Anonymous” ganhou fama ao longo dos últimos anos por invadir as redes de computadores de organizações conservadoras, governos e empresas. Ele é considerado um dos principais sucessores do Wikileaks, o projeto de delação via divulgação de documentos empresariais e governamentais secretos.
Uma das primeiras sabotagens de Anonymous a ganhar ampla cobertura foi a guerra declarada à Igreja da Cientologia, popular em Hollywood, em 2008. Um membro do grupo colocou na rede Youtube um vídeo em que o ator Tom Cruise propalava sua fé, mas a igreja pediu ao website que o retirasse. Em represália, Anonymous promoveu dezenas de ataques online contra os cientologistas, entupiu suas linhas telefônicas e seus equipamentos de fax, forjou pedidos de pizza (que eram entregas a cada poucos minutos) e convocou passeatas de protesto contra a religião.
Em dezembro passado, Anonymous entrou nos websites das redes de cartões Mastercard, Visa e da intermediadora de pagamentos PayPal – para protestar porque essas empresas deixaram claro que não trabalhariam com o projeto Wikileaks. A lista de vítimas de ataques atribuídos ao grupo inclui um fórum de debates sobre a epilepsia, websites sobre hip hop e uma campanha contra o uso de palavrões, coordenada por um adolescente.
No campo político, as iniciativas de Anonymous foram bem mais interessantes. Em 2009, durante a onda de protestos populares durante as eleições iranianas, o grupo criou um website para divulgar a evolução da crise que foi capaz de driblar a censura governamental. Durante a chamada Primavera Árabe, Anonymous baratinou as comunicações dos governos da Tunísia, Egito, Irã, Bahrain e Líbia.
A verdade é que os objetivos do grupo são um tanto difusos – provavelmente tanto quanto a sua misteriosa formação -, passando pela liberdade de expressão, a transparência e a quebra das estruturas vigentes. O grupo é vingativo e boa parte de suas ações parecem destinadas a provar o seu poder ou atacar supostos inimigos. Na sua própria definição: “Somos Anonymous. Somos muitos. Não perdoamos. Não esquecemos. Pode esperar por nós”. Um bom exemplo disso foi uma ação do começo do ano, quando o grupo invadiu o website de uma empresa de segurança na internet, HBGary Federal, que estaria trabalhando em um antídoto para evitar que o grupo faça mais estragos. Também divulgou na web dados pessoais de seu principal executivo – abrindo espaço para crimes cibernéticos associados ao roubo de identidade.
Empresas deverão se tornar alvos ainda mais frequentes de Anonymous. Na semana passada, o coletivo lançou uma nova ofensiva, Anonymous Analytics, voltada para as corporações. O projeto inaugural foi a denúncia de que a Chaoda, uma das maiores produtoras de vegetais da China, estaria manipulando seus balanços.
Existe uma aura romântica e misteriosa envolvendo Anonymous, o que tem aumentado a sua popularidade. Pessoalmente, acho que é uma iniciativa muito mais assustadora e anti-democrática do que louvável. Qual a sua opinião?