Pergunte para qualquer pessoa que acompanha a questão ambiental qual a cidade mais sustentável do Brasil. A resposta, é batata: Curitiba. A capital do Paraná é referência certa em congressos de urbanismo por suas muitas áreas verdes (51 metros quadrados por habitante) e soluções inovadoras na área de transportes e defesa da cidadania.
No ano passado, a cidade foi escolhida como a mais sustentável do mundo pela empresa sueca de consultoria em sustentabilidade Globe Forum, e o Sustainable Transport Award, em Washington, oferecido para os melhores projetos de transporte público.
Mas Curitiba é também a capital brasileira com maior número de carros por habitante (0,63, contra 0,27 da média nacional, segundo o IBGE). E não é um lugar hospitaleiro para os ciclistas, como se poderia imaginar.
No ótimo vídeo-documentário “O Veículo Fantástico”, a geógrafa norte-americana Nicole DiSante conta as agruras de quem prefere usar as magrelas para se deslocar pela cidade. Ela entrevistou o arquiteto e urbanista Jaime Lerner, que governou Curitiba por três mandatos, entre o começo dos anos 70 e 1992, técnicos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), cicloativistas e usuários de bicicleta. Aqui vai ele, na íntegra:
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Em entrevista à Gazeta do Povo, DiSante enumera uma série de medidas que poderiam tornar Curitiba (e outras cidades) mais amigáveis aos ciclistas:
Ciclovias amplas dedicadas exclusivamente aos ciclistas; campanhas de segurança pública agressivas, que exijam que motoristas sejam conscientes e respeitem a vida dos ciclistas; sinalização adequada nas vias; educação nas auto-escolas sobre a importância de se dar preferência à vida – de ciclistas e pedestres; fazer cumprir a lei, com responsabilização criminal e multas elevadas para quem atropelar um pedestre ou um ciclista e criação de novas leis, que defendam os direitos dos ciclistas e apliquem esses direitos. Por outro lado, os ciclistas devem ser cautelosos: usar sempre o capacete e luzes e respeitar as regras de trânsito.
E se você acompanha esse assunto, não deixe de ler o post De saco cheio de pedalar?, de Thaís Herrero, que chamou a atenção dos leitores para uma campanha da GM nos EUA que associa o uso da bicicleta a uma prática enfadonha, estressante, reservada aos “perdedores”, para usar um termo tão usado nos Estados Unidos.
Mas afinal, por que a bicicleta é o patinho feio dos meios de transporte?