Há outros elementos que, combinados, explicam a maior visibililidade recente da questão dos agrotóxicos na opinião pública. Dois deles referem-se a duas iniciativas importantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Uma é o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, que teve início em 2001 e divulga anualmente dados sobre a presença de resíduos de agroquímicos ilegais ou acima dos limites legais em 17 culturas agrícolas.
A outra ação da agência, a reavaliação do registro de 14 agrotóxicos, em curso desde 2008, é muito mais polêmica, visto que confronta diretamente a indústria de agrotóxicos. Nessa reavaliação já foram banidos os inseticidas triclorfom e cihexatina – em junho e outubro de 2010, respectivamente – e outros dois terão uso proibido em junho de 2012 (metamidofós) e julho de 2013 (endosulfan). Trata-se de inseticidas que já foram banidos na maior parte dos países desenvolvidos por serem perigosos para a saúde humana e o meio ambiente.
Na sociedade civil, a movimentação em torno do tema tem sido intensa ao longo deste ano. Em abril, 30 movimentos sociais, sindicatos, pastorais e organizações ambientalistas lançaram a Campanha Contra os Agrotóxicos e pela Vida.
O objetivo da campanha é alertar a sociedade sobre os danos causados pelo uso de agrotóxicos e construir iniciativas, inclusive na frente jurídica. Como uma ação da campanha, o cineasta Sílvio Tendler lançou em julho o documentário O Veneno Está na Mesa, que mostra os riscos do uso de agrotóxicos na agricultura e como este modelo beneficia as grandes transnacionais. O documentário pode ser assistido no Youtube. (JAGP)