A aprovação do novo Código Florestal pelo governo brasileiro será uma barreira para o êxito do programa Bolsa Verde, também do governo federal, segundo coordenador do Greenpeace
De um lado, o governo brasileiro até está tentando incentivar a conservação da floresta Amazônica, através do programa Bolsa Verde lançado em setembro. De outro, pode colocar tudo a perder se o novo Código Florestal, em tramitação no Senado, for aprovado. Para Marcio Astrini, coordenador da campanha do Greenpeace para a Amazônia, “o Bolsa Verde pode ser apenas um band-aid para remendar um rombo feito com um míssil no casco de um navio”, já que atenderá cerca de 73 mil famílias.
Segundo um estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentados no Comunicado nº96, em junho desse ano, a nova legislação ambiental poderá acarretar um acréscimo de até 47 milhões de hectares desmatados, representando uma grande barreira ao êxito do Bolsa Verde. Esse comunicado avaliou os possíveis efeitos do Código sobre as áreas de reserva legal no Brasil.
O programa Bolsa Verde é voltado populações extrativistas e agricultores familiares tradicionais em Unidades de Conservação que atendem aos critérios do Programa Bolsa Família, ou seja, que estejam em situação de pobreza. As famílias que respeitam o plano de manejo ou plano de uso dessas áreas receberão R$ 300 a cada trimestre. (leia mais na reportagem “Empregados pela Floresta”).
Marcio Astrini, no entanto, acredita que os pequenos agricultores e extrativistas já estavam do “lado ambiental” mesmo antes desse esforço do governo. “Eles sabem que a preservação é importante para sua atividade de subsistência. Nas nossas conversas com os produtores nas discussões do Código Florestal defendíamos que, se tivesse anistia, tinha que ter para o pequeno também. E eles diziam que não queriam anistia, mas sim replantio”.
Com o replantio, os produtores conseguem um cultivo mais diversificado em sua propriedade. E esse é um instrumento importante que garante rendimento econômico, fixação das famílias na terra e o plantio de várias culturas ao mesmo tempo, segundo Astrini.
Leia mais, no artigo de Virgílio Viana especial para a Página22, sobre o Bolsa Verde e sua comparação com o Bolsa Floresta, criado pelo Governo do Estado do Amazonas em 2007.