Este post é dedicado a você, ciclista apaixonado, cansado de colecionar escoriações e notícias de colegas que morreram atropelados nas ruas brasileiras, mas incapaz de abandonar sua magrela. O Paraíso dos ciclistas existe – e é nele que eu moro.
No ano passado, John Pucher e Ralph Buehler, dois dos principais estudiosos da interface bicicletas/urbanismo, divulgaram um estudo sobre as políticas públicas de várias cidades de porte dos Estados Unidos e do Canadá e concluíram que nenhuma promove o ciclismo tanto quanto Portland: “Seu sucesso é evidente – o número de ciclistas aumentou seis vezes desde 1990”, escreveram. Aqui, 5,8% dos que se deslocam para trabalhar usam as duas rodas – eles eram apenas 1% em 1990. O crescimento estaria associado à abertura de novas ciclovias e trilhas, 73 quilômetros para cada 100 mil habitantes, o maior índice per capita do país. Além disso, todos os ônibus da cidade vêm equipados com uma estrutura instalada na frente do veículo, onde você pode pendurar a sua bicicleta. E o exame para tirar carteira de motorista inclui uma série de orientações sobre como interagir pacificamente com os ciclistas. O estudo de Pucher e Buehler é essencial para qualquer urbanista disposto a promover o uso de bicicletas no Brasil (de esperança também se vive).
Portland não chega a ter a profusão de bicicletas vista em Utrecht, na Holanda, e Copenhague, capital da Dinamarca – cujos congestionamentos de bikes foram retratados aqui -, mas deu às bikes um status de ícone cultural raro em outras partes do mundo.
As fotos que reuni falam tudo. Os portlanders “envenenam” e decoram suas máquinas com uma dedicação amorosa e uma criatividade sem limites. Há modelos mais altos do que carros, para múltiplos passageiros, de formatos bizarros e que desafiam a aerodinâmica.
De longe, meu favorito é o Pedalounge, veículo que comporta 16 ciclistas (bebuns) e um motorista (sóbrio). Ele pode ser alugado para festas, quando percorre uma rota com uma dezena de bares por duas horas. Os festeiros descem da engenhoca, tomam um trago, e voltam para a Pedalounge para pedalar até a próxima cervejaria (Portland é conhecida pelas suas cervejas artesanais). Isso aqui é ou não é um paraíso sobre (duas) rodas?
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Este post é dedicado a você, ciclista apaixonado, cansado de colecionar escoriações e notícias de colegas que morreram atropelados nas ruas brasileiras, mas incapaz de abandonar sua magrela. O Paraíso dos ciclistas existe – e é nele que eu moro.
No ano passado, John Pucher e Ralph Buehler, dois dos principais estudiosos da interface bicicletas/urbanismo, divulgaram um estudo sobre as políticas públicas de várias cidades de porte dos Estados Unidos e do Canadá e concluíram que nenhuma promove o ciclismo tanto quanto Portland: “Seu sucesso é evidente – o número de ciclistas aumentou seis vezes desde 1990”, escreveram. Aqui, 5,8% dos que se deslocam para trabalhar usam as duas rodas – eles eram apenas 1% em 1990. O crescimento estaria associado à abertura de novas ciclovias e trilhas, 73 quilômetros para cada 100 mil habitantes, o maior índice per capita do país. Além disso, todos os ônibus da cidade vêm equipados com uma estrutura instalada na frente do veículo, onde você pode pendurar a sua bicicleta. E o exame para tirar carteira de motorista inclui uma série de orientações sobre como interagir pacificamente com os ciclistas. O estudo de Pucher e Buehler é essencial para qualquer urbanista disposto a promover o uso de bicicletas no Brasil (de esperança também se vive).
Portland não chega a ter a profusão de bicicletas vista em Utrecht, na Holanda, e Copenhague, capital da Dinamarca – cujos congestionamentos de bikes foram retratados aqui -, mas deu às bikes um status de ícone cultural raro em outras partes do mundo.
As fotos que reuni falam tudo. Os portlanders “envenenam” e decoram suas máquinas com uma dedicação amorosa e uma criatividade sem limites. Há modelos mais altos do que carros, para múltiplos passageiros, de formatos bizarros e que desafiam a aerodinâmica.
De longe, meu favorito é o Pedalounge, veículo que comporta 16 ciclistas (bebuns) e um motorista (sóbrio). Ele pode ser alugado para festas, quando percorre uma rota com uma dezena de bares por duas horas. Os festeiros descem da engenhoca, tomam um trago, e voltam para a Pedalounge para pedalar até a próxima cervejaria (Portland é conhecida pelas suas cervejas artesanais). Isso aqui é ou não é um paraíso sobre (duas) rodas?