Os céticos do aquecimento global têm motivos de sobra para acreditarem nos agouros da sexta-feira 13. Pesquisadores de Harvard anunciam a reconstituição dos eventos que levaram ao fim da era glacial e demonstraram que foi um aumento de dióxido de carbono na atmosfera que provocou o derretimento do gelo.
Ao desvendar a misteriosa cadeia de eventos que levou ao fim de parte das geleiras que cobriam a Terra entre 20 e 10 mil anos atrás, os climatologistas não só concluíram as causas efetivas do degelo, como também se depararam diante de um espelho que reflete com uma fidelidade inesperada o presente do nosso planeta cada vez mais quente. Em 7 mil anos, os gases de efeito estufa passaram de uma concentração de 180 para 260 moléculas por milhão. E uma calota ártica que cobria metade dos EUA diminuiu para as dimensões que conhecemos hoje. Se considerarmos que no último século a concentração de CO2 passou de cerca de 300 para 392 partes por milhão, compreende-se o porquê do alerta dos pesquisadores sobre o aquecimento global.
O estudo, liderado por Jeremy Shakun, publicado na Revista acadêmica Nature, derruba um dos argumentos usados pelos céticos do clima que excluía que esse gás era o responsável pelo aquecimento. Assim como no fim da era do gelo, os céticos pediam também para hoje a absolvição do CO2 da acusação de aquecer o planeta.
“Nosso estudo demonstra que o CO2 desempenhou o papel decisivo no degelo. Entre o seu aumento na atmosfera e o aumento das temperaturas, há uma correlação muito clara”, conclui Shakun.