Em cestos de lixo especiais para bitucas está uma saída para o resíduo produzido pelos fumantes, que muitas vezes vai parar no chão. Nesse caso, a proposta é que pare na terra
Muito condenado e símbolo de malefícios à saúde, o cigarro encontrou uma forma de reduzir o peso de sua existência – pelo menos o peso do lixo que as bitucas representam nas ruas. No estado de São Paulo estão instalados vários cestos de lixo exclusivos para as pontas. De lá, elas são encaminhadas para a reciclagem. No final do processo, o que um dia foi cigarro vira uma espécie de adubo para recompor áreas degradadas.
O responsável pela iniciativa é o programa Coletor Ambiental, idealizado pelo publicitário Roberto Dias. Quando a lei antifumo [1] foi aprovada no estado de São Paulo, ele se deu conta de que colocar os fumantes nas calçadas poderia criar mais um problema: o lixo. E estava certo. Por falta de cinzeiros em alguns estabelecimentos e falta de consciência de muitas pessoas, um dos efeitos colaterais da medida foi o acúmulo de bitucas nas calçadas e sarjetas em frente a bares e restaurantes. “Se não há cinzeiros por perto, ninguém guarda o lixo no bolso ou procura onde descartá-lo. Vai parar no chão mesmo, entupindo esgotos e bueiros e chegando nos rios”, conta Dias.
[1] Em 2009 foi aprovada a lei que proíbe o consumo de cigarros e derivados do tabaco em locais fechados de uso coletivo, como bares, restaurantes, táxis e repartições públicas
Além de prejudicar o escoamento da água, as pontas de cigarros têm produtos químicos em sua composição – 20 delas tornam cinco litros de água impróprios para o consumo. E o descarte indevido aumenta os riscos de incêndio. Segundo o Corpo de Bombeiros do estado, 25% das ocorrências em áreas urbanas têm origem em pontas de cigarros jogadas acesas.
O lixo em questão não é pouco. Dias ressalta que, só na cidade de São Paulo, são 4 milhões de fumantes e, que segundo dados do Datafolha, cada um consome em média 5 cigarros por dia. “Se todo fumante colocar as pontas nos cestos coletores, são 20 milhões de bitucas a menos nas ruas a cada 24 horas”, diz. A meta do programa Coletor Ambiental é recolher 24 milhões de bitucas por dia. Sem apelo ao aumento do consumo de cigarros, claro.
As caixas coletoras de São Paulo são esvaziadas a cada quinze dias e o material viaja até a cidade mineira de Uberlândia, para a usina da Conspizza. Em um mês, são cerca de 8 toneladas de resíduo encaminhados. Lá, as bitucas passam por um processo de compostagem e os componentes tóxicos são retirados. O material resultante é misturado a um composto orgânico com resíduos vegetais e transformado em uma biomanta, que é usada na recomposição de áreas degradadas por construções e indústrias, por exemplo. Nessa biomanta, fora os restos de cigarro estão sementes de gramíneas e fertilizantes. Depois de 35 dias da aplicação, nasce grama no terreno, ajudando a fortalecê-lo.
O primeiro coletor de bitucas foi instalado em 2010 no prédio do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) de São Paulo. Hoje, outros 1.250 dispositivos estão em 580 pontos do estado, como shoppings centers, agências bancárias e hotéis. Roberto Dias planeja uma ampla expansão de seu programa até 2014. E as cidades de Santos, Taubaté e São José dos Campos serão as próximas a fazer parte. Também foi firmada uma parceria com a Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro e, até o fim de julho, os fumantes que frequentam as orlas das praias cariocas poderão depositar suas bitucas nas caixas ecologicamente corretas. “Na Copa de 2014, quero que todos os estádios que receberão os jogos tenham o coletor instalado”, almeja.
Apesar de ter idealizado o Coletor Ambiental, Dias não é fumante. Só trabalha para diminuir os danos que o lixo mal destinado gera no meio ambiente e melhorar a qualidade de todos os cidadãos. Ele conta que vários fumantes elogiam o projeto, dizendo que, já que vão jogar a bituca fora, que ela tenha um descarte e um fim mais ecológico. “O coletor é bom para o fumante, pois dá a destinação correta a sua bituca. É bom para o não fumante porque proporciona uma cidade mais limpa. E é bom para o planeta por tudo isso”, afirma.[:en]Em cestos de lixo especiais para bitucas está uma saída para o resíduo produzido pelos fumantes, que muitas vezes vai parar no chão. Nesse caso, a proposta é que pare na terra
Muito condenado e símbolo de malefícios à saúde, o cigarro encontrou uma forma de reduzir o peso de sua existência – pelo menos o peso do lixo que as bitucas representam nas ruas. No estado de São Paulo estão instalados vários cestos de lixo exclusivos para as pontas. De lá, elas são encaminhadas para a reciclagem. No final do processo, o que um dia foi cigarro vira uma espécie de adubo para recompor áreas degradadas.
O responsável pela iniciativa é o programa Coletor Ambiental, idealizado pelo publicitário Roberto Dias. Quando a lei antifumo [1] foi aprovada no estado de São Paulo, ele se deu conta de que colocar os fumantes nas calçadas poderia criar mais um problema: o lixo. E estava certo. Por falta de cinzeiros em alguns estabelecimentos e falta de consciência de muitas pessoas, um dos efeitos colaterais da medida foi o acúmulo de bitucas nas calçadas e sarjetas em frente a bares e restaurantes. “Se não há cinzeiros por perto, ninguém guarda o lixo no bolso ou procura onde descartá-lo. Vai parar no chão mesmo, entupindo esgotos e bueiros e chegando nos rios”, conta Dias.
[1] Em 2009 foi aprovada a lei que proíbe o consumo de cigarros e derivados do tabaco em locais fechados de uso coletivo, como bares, restaurantes, táxis e repartições públicas
Além de prejudicar o escoamento da água, as pontas de cigarros têm produtos químicos em sua composição – 20 delas tornam cinco litros de água impróprios para o consumo. E o descarte indevido aumenta os riscos de incêndio. Segundo o Corpo de Bombeiros do estado, 25% das ocorrências em áreas urbanas têm origem em pontas de cigarros jogadas acesas.
O lixo em questão não é pouco. Dias ressalta que, só na cidade de São Paulo, são 4 milhões de fumantes e, que segundo dados do Datafolha, cada um consome em média 5 cigarros por dia. “Se todo fumante colocar as pontas nos cestos coletores, são 20 milhões de bitucas a menos nas ruas a cada 24 horas”, diz. A meta do programa Coletor Ambiental é recolher 24 milhões de bitucas por dia. Sem apelo ao aumento do consumo de cigarros, claro.
As caixas coletoras de São Paulo são esvaziadas a cada quinze dias e o material viaja até a cidade mineira de Uberlândia, para a usina da Conspizza. Em um mês, são cerca de 8 toneladas de resíduo encaminhados. Lá, as bitucas passam por um processo de compostagem e os componentes tóxicos são retirados. O material resultante é misturado a um composto orgânico com resíduos vegetais e transformado em uma biomanta, que é usada na recomposição de áreas degradadas por construções e indústrias, por exemplo. Nessa biomanta, fora os restos de cigarro estão sementes de gramíneas e fertilizantes. Depois de 35 dias da aplicação, nasce grama no terreno, ajudando a fortalecê-lo.
O primeiro coletor de bitucas foi instalado em 2010 no prédio do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) de São Paulo. Hoje, outros 1.250 dispositivos estão em 580 pontos do estado, como shoppings centers, agências bancárias e hotéis. Roberto Dias planeja uma ampla expansão de seu programa até 2014. E as cidades de Santos, Taubaté e São José dos Campos serão as próximas a fazer parte. Também foi firmada uma parceria com a Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro e, até o fim de julho, os fumantes que frequentam as orlas das praias cariocas poderão depositar suas bitucas nas caixas ecologicamente corretas. “Na Copa de 2014, quero que todos os estádios que receberão os jogos tenham o coletor instalado”, almeja.
Apesar de ter idealizado o Coletor Ambiental, Dias não é fumante. Só trabalha para diminuir os danos que o lixo mal destinado gera no meio ambiente e melhorar a qualidade de todos os cidadãos. Ele conta que vários fumantes elogiam o projeto, dizendo que, já que vão jogar a bituca fora, que ela tenha um descarte e um fim mais ecológico. “O coletor é bom para o fumante, pois dá a destinação correta a sua bituca. É bom para o não fumante porque proporciona uma cidade mais limpa. E é bom para o planeta por tudo isso”, afirma.