Enquanto muito se falava em vários territórios da Rio+20, na Aldeia Nova Terra, Território do Futuro da Cúpula dos Povos, se fazia, ou melhor, vivia.
Realizada no Sítio das Pedras, a 1,5km de distância do Rio Centro (local das negociações oficiais), a Aldeia mostrou que já existe um novo mundo acontecendo, que vem amadurecendo um novo jeito de pensar, agir e principalmente Ser. Aproximadamente 200 pessoas passavam por alí por dia, de todos os cantos do mundo, grupos sociais, religiosos e ideológicos, e todos, rapidamente, entravam em uma outra engrenagem.
Confesso que poucas vezes vi uma missão ser tão genuinamente incorporada: ‘trazer o sagrado para o dia a dia das pessoas, ser um exemplo de desenvolvimento sustentável e um laboratório para uma economia verde, solidária e co-criativa.’ Era exatamente isso que eu vi acontecer durante os 5 dias que vivenciei a Aldeia. O exemplo mais gritante no começo foi experenciar o silêncio no camping, a qualquer hora, pois respeito é um valor cultivado por todos.
Oficinas de alimentação viva, canto, dança, arte, instrumentos; ferramentas de diálogo como Comunicação Não Violenta (CNV), Dragon Dreaming (John Croft), Art of Hosting; feira de trocas, feira de sementes; ioga, meditação, capoeira, Tai Chi Chuan; xamanismo, hinduismo, cristianismo, ateísmo, espiritismo… tudo isso acontecendo ao mesmo tempo e o principal, sem nenhum líder, em um movimento orgânico, co-criado e auto-gestionado, onde todos eram professores, oficineiros, pedreiros, cozinheiros e o que mais precisasse ser. Todos simplesmente fazendo a sua parte, contribuindo com o seu melhor e respeitando verdadeiramente o outro. (por Maria Piza)