Precisas, baratas, difíceis de detectar e de baixo risco, as aeronaves não-tripuladas, também conhecidas como drones, são as queridinhas da vez da indústria bélica. Similares a aeromodelos controlados a longuíssimas distâncias, elas podem carregar câmeras (ou bombas) e são um instrumento poderoso de mapeamento e espionagem. A mídia especializada na indústria bélica estima que os gastos globais anuais com este tipo de aeronave, hoje na faixa de US$ 5,9 bilhões, quase dobrarão ao longo da próxima década. Suspeito que esses números sejam excessivamente modestos. O Pentágono, que tem 7 mil drones aéreos em operação, pediu ao congresso americano US$ 5 bilhões para novas aquisições.
E o brinquedo começa a se popularizar. Modelos simples podem ser comprados em shopping centers dos Estados Unidos por menos de US$ 300 e a internet já oferece receitas para os interessados em produzi-los em casa com sensores, chips e câmeras baratos.
Discuti brevemente as possibilidades e os riscos (para a privacidade, para a segurança) associados a esse artefato no recente artigo Cornucópia transbordante. As estimativas de quantos civis já teriam sido mortos por aeronaves não tripuladas com fins militares são divergentes, mas estariam na casa de várias centenas. Existe pouca ou nenhuma regulamentação específica e os Estados Unidos estão removendo barreiras para o seu uso doméstico. O que, como diria o saudoso Vicente Matheus, é uma faca de dois legumes.
E o meio ambiente com tudo isso? Quais as possibilidades dessa tecnologia para a promoção da sustentabilidade?
O WWF está testando o uso de drones para monitorar populações de espécies ameaçadas, como rinocerontes e tigres, na Indonésia e no Nepal, onde eles serão utilizados para identificar a presença de caçadores em parques nacionais. A tecnologia também deverá ser usada na Malásia e na Tanzânia. As aeronaves custaram cerca de US$ 2.500 e têm baixo custo de operação. Um projeto similar de fiscalização de áreas protegidas por drones está sendo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Suíça.
Em Dallas, no estado americano do Texas, um drone doméstico que sobrevoava uma empresa empacotadora de carne flagrou o despejo de grandes volumes de sangue de porco num rio próximo. Veja a foto da delação no website Gizmodo.
E uma versão de drone marinho, o Protei, produzido coletivamente e alimentado pela energia eólica, foi dotado de um rabo super absorvente. Frotas de Proteis podem circular em áreas expostas a derramamentos de petróleo, com a finalidade de descontaminá-las. O projeto é detalhado no seguinte vídeo:
[vimeo]http://vimeo.com/20434995#[/vimeo]
As possibilidades são infinitas. Alguém saberia dizer se alguma ONG está testando essa tecnologia no Brasil?
[:en]
Precisas, baratas, difíceis de detectar e de baixo risco, as aeronaves não-tripuladas, também conhecidas como drones, são as queridinhas da vez da indústria bélica. Similares a aeromodelos controlados a longuíssimas distâncias, elas podem carregar câmeras (ou bombas) e são um instrumento poderoso de mapeamento e espionagem. A mídia especializada na indústria bélica estima que os gastos globais anuais com este tipo de aeronave, hoje na faixa de US$ 5,9 bilhões, quase dobrarão ao longo da próxima década. Suspeito que esses números sejam excessivamente modestos. O Pentágono, que tem 7 mil drones aéreos em operação, pediu ao congresso americano US$ 5 bilhões para novas aquisições.
E o brinquedo começa a se popularizar. Modelos simples podem ser comprados em shopping centers dos Estados Unidos por menos de US$ 300 e a internet já oferece receitas para os interessados em produzi-los em casa com sensores, chips e câmeras baratos.
Discuti brevemente as possibilidades e os riscos (para a privacidade, para a segurança) associados a esse artefato no recente artigo Cornucópia transbordante. As estimativas de quantos civis já teriam sido mortos por aeronaves não tripuladas com fins militares são divergentes, mas estariam na casa de várias centenas. Existe pouca ou nenhuma regulamentação específica e os Estados Unidos estão removendo barreiras para o seu uso doméstico. O que, como diria o saudoso Vicente Matheus, é uma faca de dois legumes.
E o meio ambiente com tudo isso? Quais as possibilidades dessa tecnologia para a promoção da sustentabilidade?
O WWF está testando o uso de drones para monitorar populações de espécies ameaçadas, como rinocerontes e tigres, na Indonésia e no Nepal, onde eles serão utilizados para identificar a presença de caçadores em parques nacionais. A tecnologia também deverá ser usada na Malásia e na Tanzânia. As aeronaves custaram cerca de US$ 2.500 e têm baixo custo de operação. Um projeto similar de fiscalização de áreas protegidas por drones está sendo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Suíça.
Em Dallas, no estado americano do Texas, um drone doméstico que sobrevoava uma empresa empacotadora de carne flagrou o despejo de grandes volumes de sangue de porco num rio próximo. Veja a foto da delação no website Gizmodo.
E uma versão de drone marinho, o Protei, produzido coletivamente e alimentado pela energia eólica, foi dotado de um rabo super absorvente. Frotas de Proteis podem circular em áreas expostas a derramamentos de petróleo, com a finalidade de descontaminá-las. O projeto é detalhado no seguinte vídeo:
[vimeo]http://vimeo.com/20434995#[/vimeo]
As possibilidades são infinitas. Alguém saberia dizer se alguma ONG está testando essa tecnologia no Brasil?