O governo da Coreia do Sul notabiliza-se mundialmente por suas políticas de estímulo à produção e ao consumo de produtos verdes. No coração dessas políticas, encontra-se o Instituto de Tecnologia e Indústria Ambiental da Coreia do Sul (Keiti, na sigla em inglês), que, entre outros objetivos, promove a exportação de tecnologias limpas e o desenvolvimento de projetos de certificação e incentivo ao consumo sustentável, como o cartão de crédito verde.
O presidente do Keiti, Yoon Seung-Joon, falou sobre o cartão a Página22 logo após um painel de alto nível sobre produção e consumo sustentáveis durante a Rio+20.
Quem está promovendo o cartão de
crédito verde?
O Ministério do Meio Ambiente e meu instituto conceberam a ideia, mas a operacionalização do cartão foi discutida com instituições financeiras, fabricantes de produtos verdes, lojas de departamentos e varejistas em
geral. O governo editou regulamentos para a emissão desse cartão, mas ele é operado pelas companhias de cartões de crédito.
Há informações sobre a adesão da população a esse cartão?
O cartão foi lançado em julho de 2011. Em apenas 11 meses, 3 milhões de cartões foram emitidos. O número representa 12% da força de trabalho de nosso país, que beira 25 milhões de pessoas. Há cerca de 2.000 tipos de cartões crédito circulando no mercado. O cartão que era mais popular entre os sul-coreanos possui 300 mil usuários. Portanto, o cartão verde já supera em dez vezes o cartão mais popular da Coreia do Sul.
Como é o sistema de pontuação do cartão?
Há três tipos pontuação. O consumidor ganha pontos no cartão quando economiza eletricidade, água e gás em sua casa, reduzindo emissões de gases de efeito estufa. Também ganha pontos quando utiliza o transporte público e compra produtos verdes.
O que as pessoas fazem com os pontos?
Elas podem trocar os pontos por dinheiro no caixa eletrônico dos bancos. Ou pode usá-los para pagar impostos e contas. Ou pode doar para campanhas ambientais.
Existem outros países que também adotaram esse tipo de cartão?
Creio que é o primeiro cartão desse tipo no mundo. Aqui, na Rio+20, houve grande interesse de alguns países pela ideia, como Taiwan.
Além do cartão de crédito verde, o governo criou outros instrumentos para incentivar o consumo de produtos mais sustentáveis?
Temos uma política de compras públicas sustentáveis. Uma lei nacional de 2005 obriga organizações públicas a comprar produtos verdes. Isso inclui os governos central e locais, escolas públicas e companhias estatais.
No Brasil, um entrave às compras públicas sustentáveis é o temor de o funcionário público de ser acusado de comprar produtos mais caros. Como esse aspecto é tratado por vocês?
A lei determina a aquisição de produtos verdes pelas entidades públicas, mesmo que sejam mais caros. De qualquer maneira, hoje há mais concorrência entre fabricantes de produtos verdes e metade dessas mercadorias é vendida a preços similares aos dos produtos convencionais. Duas décadas atrás, quando introduzimos o esquema de selos ecológicos, a situação era muito diferente. Os produtos eram mais caros e de baixa qualidade. Isso mudou completamente.