Vivemos em um mundo predominantemente urbano. Desde 2007, impulsionado pelo processo de industrialização nos países em desenvolvimento, a maioria dos habitantes do planeta mora nas cidades. Após o rápido adensamento das metrópoles americanas e europeias no século XIX as cidades passaram a ser associadas com doença, poluição, violência e outras instâncias de mal-estar da civilização. Hoje maior densidade já é entendida como um fator para promoção de comunidades agradáveis para se viver, de oportunidades econômicas, e também da sustentabilidade.
O físico teórico Geoffrey West, que trabalha em um modelo científico das cidades, calcula que elas receberão 1 milhão de novos habitantes a cada semana até 2050, quando três quartos da população mundial passarão a ser urbanos. Esta pode ser uma boa notícia: pegando emprestado da Biologia o conceito de alometria, o físico argumenta que as cidades “melhoram seu metabolismo” (economia de escala) à medida que crescem, pois requerem menos recursos per capita. West nos lembra, porém, que cidades são “redes sociais”, e o aumento das interações entre as pessoas em grandes aglomerações urbanas também resulta em “ganhos” de escala, nem sempre positivos: mais crimes e casos de gripe e Aids per capita, por exemplo (ver seu TEDTalk).
O escritor e “futurista” Alex Steffen, autor de Worldchanging 2.0, argumenta que não é preciso adensar toda a cidade, mas formar “tendas adensadas”, elevando a densidade média da cidade, ao mesmo tempo que cria polos em torno dos quais as pessoas desejem gravitar. Segundo ele, há um limiar de densidade a partir do qual as pessoas passam a optar por deixar seus carros na garagem (ver seu TEDTalk). Christopher Leinberger, pesquisador da Brookings Institution, calcula que famílias nos subúrbios americanos gastem cerca de um quarto de sua renda disponível em transportes; famílias de vizinhanças mais densas, em torno de um décimo (ele e outros seis especialistas comentaram sobre a hipótese de se viver sem carro nos EUA).
O efeito positivo da alta densidade para seus moradores depende de outros aspectos do planejamento físico do território, que incluem: acessibilidade a uma variedade de serviços (restaurantes, livrarias, cafés, pubs, escolas, opções culturais, mercados, lojas etc.), transporte público frequente, e espaços públicos (praças, parques), todos a uma distância apropriada para se chegar a pé.
Ferramentas como Walk score e Walkshed avaliam a “andabilidade” (walkability) de uma vizinhança. Maior walkability gera um círculo virtuoso: gente na rua torna uma região mais segura, que por sua vez atrai ainda mais gente para circular por lá. O comércio prospera, estimulando novos empreendimentos e a ampliação dos horários de funcionamento, tornando a rua mais iluminada, segura e interessante e, portanto, ainda mais frequentada.
O escritor americano James Howard Kunstler apela para uma noção de “arquitetura cívica”, segundo a qual espaços públicos são não apenas um lugar de encontro dos cidadãos, mas a manifestação física da noção de “bem comum” (ver seu TEDtalk). A boa notícia é que as melhores práticas urbanísticas atendem ao tripé da sustentabilidade, gerando dividendos sociais, ambientais e econômicos. A má notícia é que, de maneira geral, as metrópoles brasileiras ainda estão por adotá-las. Neste ano de eleições municipais, cobremos isso de nossos candidatos.
*Fabio F. Storino é coordenador de TI e Gestão do Conhecimento do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces).
O físico teórico Geoffrey West, que trabalha em um modelo científico das cidades, calcula que elas receberão 1 milhão de novos habitantes a cada semana até 2050, quando três quartos da população mundial passarão a ser urbanos. Esta pode ser uma boa notícia: pegando emprestado da Biologia o conceito de alometria, o físico argumenta que as cidades “melhoram seu metabolismo” (economia de escala) à medida que crescem, pois requerem menos recursos per capita. West nos lembra, porém, que cidades são “redes sociais”, e o aumento das interações entre as pessoas em grandes aglomerações urbanas também resulta em “ganhos” de escala, nem sempre positivos: mais crimes e casos de gripe e Aids per capita, por exemplo (ver seu TEDTalk em goo.gl/7F1Jd).
O escritor e “futurista” Alex Steffen, autor de Worldchanging 2.0, argumenta que não é preciso adensar toda a cidade, mas formar “tendas adensadas”, elevando a densidade média da cidade, ao mesmo tempo que cria polos em torno dos quais as pessoas desejem gravitar. Segundo ele, há um limiar de densidade a partir do qual as pessoas passam a optar por deixar seus carros na garagem (ver seu TEDTalk em goo.gl/vv84z). Christopher Leinberger, pesquisador da Brookings Institution, calcula que famílias nos subúrbios americanos gastem cerca de um quarto de sua renda disponível em transportes; famílias de vizinhanças mais densas, em torno de um décimo (ele e outros seis especialistas comentaram sobre a hipótese de se viver sem carro nos EUA em goo.gl/pM3cM).
O efeito positivo da alta densidade para seus moradores depende de outros aspectos do planejamento físico do território, que incluem: acessibilidade a uma variedade de serviços (restaurantes, livrarias, cafés, pubs, escolas, opções culturais, mercados, lojas etc.), transporte público frequente, e espaços públicos (praças, parques), todos a uma distância apropriada para se chegar a pé.
Ferramentas como Walk score (walkscore.org) e Walkshed (walkshed.org) avaliam a “andabilidade” (walkability) de uma vizinhança. Maior walkability gera um círculo virtuoso: gente na rua torna uma região mais segura, que por sua vez atrai ainda mais gente para circular por lá. O comércio prospera, estimulando novos empreendimentos e a ampliação dos horários de funcionamento, tornando a rua mais iluminada, segura e interessante e, portanto, a
Vivemos em um mundo predominantemente urbano. Desde 2007, impulsionado pelo processo de industrialização nos países em desenvolvimento, a maioria dos habitantes do planeta mora nas cidades. Após o rápido adensamento das metrópoles americanas e europeias no século xix as cidades passaram a ser associadas com doença, poluição, violência e outras instâncias de mal-estar da civilização. Hoje maior densidade já é entendida como um fator para promoção de comunidades agradáveis para se viver, de oportunidades econômicas, e também da sustentabilidade.
O físico teórico Geoffrey West, que trabalha em um modelo científico das cidades, calcula que elas receberão 1 milhão de novos habitantes a cada semana até 2050, quando três quartos da população mundial passarão a ser urbanos. Esta pode ser uma boa notícia: pegando emprestado da Biologia o conceito de alometria, o físico argumenta que as cidades “melhoram seu metabolismo” (economia de escala) à medida que crescem, pois requerem menos recursos per capita. West nos lembra, porém, que cidades são “redes sociais”, e o aumento das interações entre as pessoas em grandes aglomerações urbanas também resulta em “ganhos” de escala, nem sempre positivos: mais crimes e casos de gripe e Aids per capita, por exemplo (ver seu TEDTalk em goo.gl/7F1Jd).
O escritor e “futurista” Alex Steffen, autor de Worldchanging 2.0, argumenta que não é preciso adensar toda a cidade, mas formar “tendas adensadas”, elevando a densidade média da cidade, ao mesmo tempo que cria polos em torno dos quais as pessoas desejem gravitar. Segundo ele, há um limiar de densidade a partir do qual as pessoas passam a optar por deixar seus carros na garagem (ver seu TEDTalk em goo.gl/vv84z). Christopher Leinberger, pesquisador da Brookings Institution, calcula que famílias nos subúrbios americanos gastem cerca de um quarto de sua renda disponível em transportes; famílias de vizinhanças mais densas, em torno de um décimo (ele e outros seis especialistas comentaram sobre a hipótese de se viver sem carro nos EUA em goo.gl/pM3cM).
O efeito positivo da alta densidade para seus moradores depende de outros aspectos do planejamento físico do território, que incluem: acessibilidade a uma variedade de serviços (restaurantes, livrarias, cafés, pubs, escolas, opções culturais, mercados, lojas etc.), transporte público frequente, e espaços públicos (praças, parques), todos a uma distância apropriada para se chegar a pé.
Ferramentas como Walk score (walkscore.org) e Walkshed (walkshed.org) avaliam a “andabilidade” (walkability) de uma vizinhança. Maior walkability gera um círculo virtuoso: gente na rua torna uma região mais segura, que por sua vez atrai ainda mais gente para circular por lá. O comércio prospera, estimulando novos empreendimentos e a ampliação dos horários de funcionamento, tornando a rua mais iluminada, segura e interessante e, portanto, ainda mais frequentada.
O escritor americano James howard Kunstler apela para uma noção de “arquitetura cívica”, segundo a qual espaços públicos são não apenas um lugar de encontro dos cidadãos, mas a manifestação física da noção de “bem comum” (ver seu TEDtalk em goo.gl/5swph). A boa notícia é que as melhores práticas urbanísticas atendem ao tripé da sustentabilidade, gerando dividendos sociais, ambientais e econômicos. A má notícia é que, de maneira geral, as metrópoles brasileiras ainda estão por adotá-las. Neste ano de eleições municipais, cobremos isso de nossos candidatos.
Fabio F. storino É coorDenaDor De ti e gestão Do conHecimento Do centro De estuDos em
sustentabiliDaDe (gvces).
inda mais frequentada.
O escritor americano James howard Kunstler apela para uma noção de “arquitetura cívica”, segundo a qual espaços públicos são não apenas um lugar de encontro dos cidadãos, mas a manifestação física da noção de “bem comum” (ver seu TEDtalk em goo.gl/5swph). A boa notícia é que as melhores práticas urbanísticas atendem ao tripé da sustentabilidade, gerando dividendos sociais, ambientais e econômicos. A má notícia é que, de maneira geral, as metrópoles brasileiras ainda estão por adotá-las. Neste ano de eleições municipais, cobremos isso de nossos candidatos.
Fabio F. storino É coorDenaDor De ti e gestão Do conHecimento Do centro De estuDos em
sustentabiliDaDe (gvces).