O transporte internacional de cargas por via oceânica é responsável por cerca de 3% das emissões globais de carbono de origem antropogênica – participação similar à da Alemanha. Com a expansão do comércio internacional, essas emissões deverão triplicar até 2050, segundo o Low Carbon Shipping Consortium, projeto de pesquisa que envolve cinco universidades e está sendo financiado pelo governo britânico e por várias empresas. Ele visa propor estratégias de mitigação das emissões do frete marítimo. Mas o mercado foi mais rápido e já está viabilizando embarcações comerciais com baixa dependência de combustíveis fósseis e movidas, sobretudo, pelo vento.
Veleiros foram o principal meio de transporte de cargas do Ocidente entre os séculos XVI e meados do XIX. Na Ásia, a prática é bem mais antiga, ultrapassando dois mil anos. Entretanto, os navios a vapor e, depois, os motores modernos relegaram os veleiros a nichos de navegação, sobretudo à pesca costeira e a recreação.
Agora, os veleiros de carga começam a renascer graças ao seu apelo ambiental. Pelo menos dois grupos estão trabalhando na construção de protótipos. A primeira é a B9, empresa que opera 45 fazendas eólicas na Grã-Bretanha e na Irlanda. Ela criou uma unidade para a construção de veleiros de porte (veja o vídeo ao lado, em inglês) que utilizarão gás de aterros sanitários nos momentos de calmaria. O estaleiro está trabalhando num modelo com três mastros e capacidade de transportar 3 mil toneladas. A Universidade de Tóquio tambem está pensando o assunto, e apresentou recentemente um projeto de veleiro com nove mastros e velas rígidas feitas de alumínio e plástico reforçado. O New York Times detalhou as duas iniciativas. Diz o jornal:
Naturalmente, o vento é gratuito e não emite gases. Mas nenhum dos projetos sendo considerados pretende eliminar o motor do navio, apenas complementá-lo.
A energia eólica também não seria prática para grandes embarcações, como navios contêineres, que navegam a mais de 15 nós e precisam do espaço no deque para a carga. Mas ela é ótima para navios menores, que se movem mais devagar, aqueles que ficam na faixa de 3 mil a 10 mil toneladas, que representam uma frota de 10 mil embarcações, um quinto de toda a frota de carga mundial, e que é um elo essencial na cadeia de fornecimento global.
Pelo menos uma empresa já está operando veleiros no transporte transoceânico de cargas. Veja ao lado vídeo da holandesa Fairtransport (em flamengo e inglês), que tem dois navios híbricos (que operam parte do tempo com motores convencionais). Mas como o New York Times aponta, ainda há barreiras importantes a vencer para que a frota de veleiros de carga seja comercialmetne viável. A Fairtransport tem atraído clientes extremamente interessados no diferencial da sustentabilidade. Quantos exportadores estão realmente dispostos a entrar nesse barco?
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O transporte internacional de cargas por via oceânica é responsável por cerca de 3% das emissões globais de carbono de origem antropogênica – participação similar à da Alemanha. Com a expansão do comércio internacional, essas emissões deverão triplicar até 2050, segundo o Low Carbon Shipping Consortium, projeto de pesquisa que envolve cinco universidades e está sendo financiado pelo governo britânico e por várias empresas. Ele visa propor estratégias de mitigação das emissões do frete marítimo. Mas o mercado foi mais rápido e já está viabilizando embarcações comerciais com baixa dependência de combustíveis fósseis e movidas, sobretudo, pelo vento.
Veleiros foram o principal meio de transporte de cargas do Ocidente entre os séculos XVI e meados do XIX. Na Ásia, a prática é bem mais antiga, ultrapassando dois mil anos. Entretanto, os navios a vapor e, depois, os motores modernos relegaram os veleiros a nichos de navegação, sobretudo à pesca costeira e a recreação.
Agora, os veleiros de carga começam a renascer graças ao seu apelo ambiental. Pelo menos dois grupos estão trabalhando na construção de protótipos. A primeira é a B9, empresa que opera 45 fazendas eólicas na Grã-Bretanha e na Irlanda. Ela criou uma unidade para a construção de veleiros de porte (veja o vídeo ao lado, em inglês) que utilizarão gás de aterros sanitários nos momentos de calmaria. O estaleiro está trabalhando num modelo com três mastros e capacidade de transportar 3 mil toneladas. A Universidade de Tóquio tambem está pensando o assunto, e apresentou recentemente um projeto de veleiro com nove mastros e velas rígidas feitas de alumínio e plástico reforçado. O New York Times detalhou as duas iniciativas. Diz o jornal:
Naturalmente, o vento é gratuito e não emite gases. Mas nenhum dos projetos sendo considerados pretende eliminar o motor do navio, apenas complementá-lo.
A energia eólica também não seria prática para grandes embarcações, como navios contêineres, que navegam a mais de 15 nós e precisam do espaço no deque para a carga. Mas ela é ótima para navios menores, que se movem mais devagar, aqueles que ficam na faixa de 3 mil a 10 mil toneladas, que representam uma frota de 10 mil embarcações, um quinto de toda a frota de carga mundial, e que é um elo essencial na cadeia de fornecimento global.
Pelo menos uma empresa já está operando veleiros no transporte transoceânico de cargas. Veja ao lado vídeo da holandesa Fairtransport (em flamengo e inglês), que tem dois navios híbricos (que operam parte do tempo com motores convencionais). Mas como o New York Times aponta, ainda há barreiras importantes a vencer para que a frota de veleiros de carga seja comercialmetne viável. A Fairtransport tem atraído clientes extremamente interessados no diferencial da sustentabilidade. Quantos exportadores estão realmente dispostos a entrar nesse barco?