O Polo Norte – o ponto mais ao norte na superfície da Terra – está um pouco menos polar. A extensão de gelo que cobre o Oceano Ártico atingiu esse ano um mínimo jamais registrado pelo homem, anunciou ontem o National Snow & Ice Data Center dos Estados Unidos. Em 16 de setembro, a cobertura de gelo chegou a 3,41 milhões de quilômetros quadrados.
Todos os anos, a cobertura de gelo no Ártico encolhe no verão do Hemisfério Norte e expande no inverno. O ponto mínimo é alcançado no fim do verão. Nesse ano, o mínimo foi 49% menor do que a média registrada nos meses de setembro entre 1979 e o ano 2000.
De acordo com os registros de satélite, as seis menores extensões de gelo no Ártico foram registradas nos últimos seis anos – a menor delas, até há poucos dias, detectada em 2007. Ao contrário de 2007, entretanto, esse ano as condições climáticas não favoreciam uma perda tão acentuada de gelo. Mas porque as geleiras têm se tornado menos espessas e dominadas por gelo formado em invernos recentes, são mais suscetíveis ao derretimento devido a eventos extremos como uma forte tempestade que atingiu a região em agosto passado.
Enquanto interesses econômicos vêem no derretimento do gelo uma gama de oportunidades para negócios em mineração e transporte, os pesquisadores alertam que um polo menos polar é o sinal mais evidente de que as mudanças climáticas estão agindo sobre o planeta mais rápido do que se previa.
A maioria dos cientistas acredita que o Ártico ficará totalmente livre de gelo durante o verão até 2020, mas há previsões de que isso aconteça já em 2015. As mudanças no Ártico afetam o clima em outras regiões do planeta – por exemplo, invernos mais rigorosos para a Europa, além de eventos extremos mais intensos e frequentes.
Ao perder gelo, o polo não só perde um pouco de sua característica polar, mas alimenta o aquecimento que aos poucos transforma as condições em toda a Terra. Menos gelo significa menos reflexão da luz do sol para atmosfera e mais absorção de calor pelas águas, o que pode contribuir para a liberação de grandes quantidades de metano estocadas no oceano.
O aceleração do derretimento do gelo no verão Ártico, apontam cientistas e ambientalistas, constitui uma emergência planetária.