Embalagens são quase sempre indispensáveis à proteção e conservação de alimentos e bens de consumo – isso é ponto pacífico. Mas os excessos são frequentes e as latas, caixas e filmes plásticos estão na linha de tiro dos consumidores conscientes. Começam a surgir evidências de que essas embalagens enfrentarão resistências crescentes, na linha do esforço global para coibir o uso de sacolas plásticas no comércio.
Três notícias recentes sugerem que o cerco à indústria de embalagens está se fechando:
- A dieta inadequada e a falta de exercícios não seriam as únicas responsáveis pela epidemia de obesidade infantil nos Estados Unidos. Estudo da University of New York correlacionou o excesso de peso em crianças à presença do bisfenol A na camada interna de latas de alimentos e bebidas. “O bisfenol A já havia sido associado à obesidade em adultos e doenças cardíacas”, comentou o coordenador do estudo, o professor de Pediatria Leonardo Trasande. “Mas esta é a primeira pesquisa a fazer uma associação entre a presença de uma sustância química no meio ambiente e a obesidade infantil utilizando uma amostra nacional representativa”. Vale lembrar que governos de vários países, o Brasil inclusive, baniram a produção de mamadeiras com plástico policarbonato, que contém bisfenol A, substância tóxica geralmente associada a disfunções hormonais e infertilidade. A pesquisa coordenada por Trasande tem recebido críticas, não somente da indústria de embalagens. Outros estudiosos do assunto acham que seus resultados não são tão conclusivos quanto seus autores fazem crer, mas ela é bom indicador das novas pressões que as indústrias de embalagens vem enfrentando.
- A primeira mercearia dos Estados Unidos a vender exclusivamente alimentos não-embalados foi inaugurada em agosto em Austin, no Texas. A in.gredients vende tudo a granel, de produtos mais óbvios, como arroz, feijão e uva passa, até mel, chá, café, cerveja e sabão. É uma tendência que veio para ficar? Provavelmente ainda não, ela é voltada para a vanguarda dos ambientalistas, mas sinaliza uma demanda nova, um desejo de se abrir mão da comodidade por um projeto ético que exclua as embalagens.
- A New York Times Magazine publicou uma lista de 36 inovações que vão mudar o seu cotidiano num futuro não muito distante. Dentre elas, embalagens comestíveis, como as Wikicells, que já começam a chegar ao mercado. Elas são contêineres semelhantes a uma casca de fruta, feitos de partículas de chocolate, frutas ou sementes. Podem ser comidas ou descascadas e jogadas na pilha de compostagem, como se fossem cascas de maçã. Iogurte, por exemplo, pode ser vendido numa Wikicell sabor morango. “Temos que embalar imitando a Natureza”, diz à revista David Edwards, bioengenheiro da universidade de Harvard, um dos responsáveis pelo desenvolvimento das Wikicells.
E no Brasil? Vocês sentem pressão para que as embalagens sejam abolidas, reduzidas ou, quiçá, transformadas?[:en]
Embalagens são quase sempre indispensáveis à proteção e conservação de alimentos e bens de consumo – isso é ponto pacífico. Mas os excessos são frequentes e as latas, caixas e filmes plásticos estão na linha de tiro dos consumidores conscientes. Começam a surgir evidências de que essas embalagens enfrentarão resistências crescentes, na linha do esforço global para coibir o uso de sacolas plásticas no comércio.
Três notícias recentes sugerem que o cerco à indústria de embalagens está se fechando:
- A dieta inadequada e a falta de exercícios não seriam as únicas responsáveis pela epidemia de obesidade infantil nos Estados Unidos. Estudo da University of New York correlacionou o excesso de peso em crianças à presença do bisfenol A na camada interna de latas de alimentos e bebidas. “O bisfenol A já havia sido associado à obesidade em adultos e doenças cardíacas”, comentou o coordenador do estudo, o professor de Pediatria Leonardo Trasande. “Mas esta é a primeira pesquisa a fazer uma associação entre a presença de uma sustância química no meio ambiente e a obesidade infantil utilizando uma amostra nacional representativa”. Vale lembrar que governos de vários países, o Brasil inclusive, baniram a produção de mamadeiras com plástico policarbonato, que contém bisfenol A, substância tóxica geralmente associada a disfunções hormonais e infertilidade. A pesquisa coordenada por Trasande tem recebido críticas, não somente da indústria de embalagens. Outros estudiosos do assunto acham que seus resultados não são tão conclusivos quanto seus autores fazem crer, mas ela é bom indicador das novas pressões que as indústrias de embalagens vem enfrentando.
- A primeira mercearia dos Estados Unidos a vender exclusivamente alimentos não-embalados foi inaugurada em agosto em Austin, no Texas. A in.gredients vende tudo a granel, de produtos mais óbvios, como arroz, feijão e uva passa, até mel, chá, café, cerveja e sabão. É uma tendência que veio para ficar? Provavelmente ainda não, ela é voltada para a vanguarda dos ambientalistas, mas sinaliza uma demanda nova, um desejo de se abrir mão da comodidade por um projeto ético que exclua as embalagens.
- A New York Times Magazine publicou uma lista de 36 inovações que vão mudar o seu cotidiano num futuro não muito distante. Dentre elas, embalagens comestíveis, como as Wikicells, que já começam a chegar ao mercado. Elas são contêineres semelhantes a uma casca de fruta, feitos de partículas de chocolate, frutas ou sementes. Podem ser comidas ou descascadas e jogadas na pilha de compostagem, como se fossem cascas de maçã. Iogurte, por exemplo, pode ser vendido numa Wikicell sabor morango. “Temos que embalar imitando a Natureza”, diz à revista David Edwards, bioengenheiro da universidade de Harvard, um dos responsáveis pelo desenvolvimento das Wikicells.
E no Brasil? Vocês sentem pressão para que as embalagens sejam abolidas, reduzidas ou, quiçá, transformadas?