Escrever requer 10% de inspiração e 90% de transpiração. A proporção pode até variar um pouco, mas a máxima é verdadeira. É na base do suor que a ideia ganha materialidade, ou, ainda, que a pauta vira matéria jornalística e o lampejo do escritor se corporifica em um texto literário. Não faz uma década, contavam-se nos dedos os nomes ligados à ideia da sustentabilidade. Formada inicialmente por poucos líderes visionários, a turma hoje não apenas ganha um número crescente de profissionais com a mão na massa como ajuda a compor os 90% que transpiram ao criar materialidade e a carregar o piano.
A música que sai desse instrumento tem lá suas desafinações e descompassos. Nem sempre o que se pratica no dia a dia das organizações está alinhado com a essência que inspirou esse movimento em sua partitura. As reportagens desta edição mostram uma capilarização da prática em ritmos distintos entre as empresas, pouca transversalidade e ações ainda muito voltadas para a simples adequação às regras e para a busca de redução de custos e de ecoeficiência. Mas o movimento continua, expande-se e exige cada vez mais informação e formação sobre o “como fazer”.
A necessidade de especialização “briga” com a de manter íntegra a visão do todo e a sua compreensão sistêmica. Eis aí mais um desafio a encarar: dar corpo sem perder a alma.
Enquanto isso, o mundo pede pressa. Não temos 100 anos para fazer a transição necessária a um novo modelo de desenvolvimento e prosperidade e, sim, cerca de uma década, diz Pavan Sukhdev, em Entrevista nesta edição. Assim, o horizonte de nossas aspirações pode e deve ser largo, na distância que o sonho alcança. Mas, o de nossas ações, este não podemos perder de vista.
Boa leitura!
Leia a edição “Sustentabilidade nas empresas: a rede se expande”