O planeta está longe de cumprir as metas das Nações Unidas de universalização do acesso à energia elétrica. Cerca de 1,2 bilhão de pessoas vivem sem eletricidade e 2,8 bilhões têm de queimar madeira e outras formas de biomassa em suas residências, o que compromete a cobertura florestal, aumenta o risco de incêndios e doenças pulmonares. Este quadro também torna impossível retirar essas populações da pobreza, dar-lhes acesso à educação, aos hospitais e ao crescimento econômico.
Os progressos registrados nas últimas duas décadas foram “modestos” e apenas compensaram a demanda associada ao crescimento vegetativo da população, segundo relatório divulgado hoje pelo Banco Mundial e a Agência Internacional de Energia e elaborado por experts de 15 agências. A situação é particularmente dramática em 20 países, com destaque para as áreas rurais da Índia e das nações subsaarianas.
O Brasil sai bem na foto. Cerca de 99% da população está conectada à rede e a participação das renováveis na matriz energética cresce num ritmo com poucos paralelos em outros países. Você pode baixar uma versão do resumo executivo em português, um tanto capenga. O texto completo em inglês, com 289 páginas, pode ser visto aqui.
O diagnóstico dá subsídios para monitorar os avanços alcançados pela Iniciativa Energia Sustentável para Todos, lançada em 2011 por 70 países-membros da ONU, em consórcio com empresas privadas, representantes da sociedade civil e organizações multilaterais. A iniciativa estabeleceu três metas a serem alcançadas até 2030: levar eletricidade à totalidade da população mundial, dobrar a participação das energias renováveis na matriz energética e dobrar o ritmo de incorporação de medidas de eficiência energética.
Por enquanto, estamos patinando e os resultados são pífios. O ritmo de instalação da rede de distribuição precisaria dobrar, com um investimento anual adicional de US$ 45 bilhões, cinco vezes o patamar atual. Um investimento que, pelos cálculos do Bird e da AIE, não ampliaria muito a pegada de carbono global, que cresceria menos de 1%. O aumento da participação das renováveis na matriz energética global também foi modesto, de apenas 1.4% entre 1990 e 2010, subindo de 16,6% para 18% do total. Em outras palavras, embora as renováveis tenham crescido 2% ao ano em valores absolutos a cada ano dessas duas décadas, essa vitória foi diluida pelo crescimento geral do consumo e da geração energética. A terceira meta, a da eficiência, é a única que indicou resultados mais alentadores. Se não fossem os investimentos em sistemas de isolamento térmico e modernização de edifícios, o mundo estaria consumindo um terço à mais do que utiliza hoje.
O relatório conclui que as metas estabelecidas em 2011 não serão alcançadas a menos que sejam adotadas políticas nacionais incisivas, inclusive a adoção de instrumentos fiscais e incentivos econômicos, como a redução de subsídios para os combustíveis fósseis e o carvão. O investimento atual de US$409 bilhões ao ano teria ao menos que dobrar, para cobrir os US$ 45 bilhões extras necessários à expansão da rede de distribuição, US$ 4,4 bilhões adicionais para a adoção de métodos de cocção mais modernos, em substituição aos fornos à lenha, U$394 bilhões para a promoção da eficiência energética e US$174 bilhões para o desenvolvimento de energias renováveis.[:en]
O planeta está longe de cumprir as metas das Nações Unidas de universalização do acesso à energia elétrica. Cerca de 1,2 bilhão de pessoas vivem sem eletricidade e 2,8 bilhões têm de queimar madeira e outras formas de biomassa em suas residências, o que compromete a cobertura florestal, aumenta o risco de incêndios e doenças pulmonares. Este quadro também torna impossível retirar essas populações da pobreza, dar-lhes acesso à educação, aos hospitais e ao crescimento econômico.
Os progressos registrados nas últimas duas décadas foram “modestos” e apenas compensaram a demanda associada ao crescimento vegetativo da população, segundo relatório divulgado hoje pelo Banco Mundial e a Agência Internacional de Energia e elaborado por experts de 15 agências. A situação é particularmente dramática em 20 países, com destaque para as áreas rurais da Índia e das nações subsaarianas.
O Brasil sai bem na foto. Cerca de 99% da população está conectada à rede e a participação das renováveis na matriz energética cresce num ritmo com poucos paralelos em outros países. Você pode baixar uma versão do resumo executivo em português, um tanto capenga. O texto completo em inglês, com 289 páginas, pode ser visto aqui.
O diagnóstico dá subsídios para monitorar os avanços alcançados pela Iniciativa Energia Sustentável para Todos, lançada em 2011 por 70 países-membros da ONU, em consórcio com empresas privadas, representantes da sociedade civil e organizações multilaterais. A iniciativa estabeleceu três metas a serem alcançadas até 2030: levar eletricidade à totalidade da população mundial, dobrar a participação das energias renováveis na matriz energética e dobrar o ritmo de incorporação de medidas de eficiência energética.
Por enquanto, estamos patinando e os resultados são pífios. O ritmo de instalação da rede de distribuição precisaria dobrar, com um investimento anual adicional de US$ 45 bilhões, cinco vezes o patamar atual. Um investimento que, pelos cálculos do Bird e da AIE, não ampliaria muito a pegada de carbono global, que cresceria menos de 1%. O aumento da participação das renováveis na matriz energética global também foi modesto, de apenas 1.4% entre 1990 e 2010, subindo de 16,6% para 18% do total. Em outras palavras, embora as renováveis tenham crescido 2% ao ano em valores absolutos a cada ano dessas duas décadas, essa vitória foi diluida pelo crescimento geral do consumo e da geração energética. A terceira meta, a da eficiência, é a única que indicou resultados mais alentadores. Se não fossem os investimentos em sistemas de isolamento térmico e modernização de edifícios, o mundo estaria consumindo um terço à mais do que utiliza hoje.
O relatório conclui que as metas estabelecidas em 2011 não serão alcançadas a menos que sejam adotadas políticas nacionais incisivas, inclusive a adoção de instrumentos fiscais e incentivos econômicos, como a redução de subsídios para os combustíveis fósseis e o carvão. O investimento atual de US$409 bilhões ao ano teria ao menos que dobrar, para cobrir os US$ 45 bilhões extras necessários à expansão da rede de distribuição, US$ 4,4 bilhões adicionais para a adoção de métodos de cocção mais modernos, em substituição aos fornos à lenha, U$394 bilhões para a promoção da eficiência energética e US$174 bilhões para o desenvolvimento de energias renováveis.