Glowing Plant, projeto de biologia sintética que pretende criar árvores fosforescentes que substituam os postes de iluminação pública, levantou em pouco mais de um mês quase meio milhão de dólaresno website de crowdfunding Kickstarter. Com o apoio de mais de 8 mil investidores, os seus promotores encerraram a campanha de arrecadação na sexta após superar em sete vezes sua meta inicial de levantar US$ 65 mil. Quem colaborou receberá sementes engenheiradas para plantar no quintal de casa.
A empresa pretende inserir genes de vagalumes no genoma de rosas e da Arabidopsis thaliana, espécie arbustiva da família da mostarda e do repolho, que funciona como um equivalente vegetal das drosófilas, as moscas das frutas, frequentemente utilizadas em pesquisas científicas. A planta deverá emitir uma fraca luz azulada. A ideia não é de todo inovadora. Desde os anos 80, vários cientistas têm manipulado os genes de vagalumes que levam à síntese da enzima luciferase com a intenção de introduzi-los em plantas e bactérias. O amadurecimento dessa tecnologia parece indicar que a Glowing Plant não encontrará dificuldades em cumprir o que promete em escala – agora, é provável que o brilho produzido ainda não será suficiente para iluminar uma rua.
A revista Nature e o diário The New York Times acabam de publicar artigos detalhando o processo e a controvérsia que ele está gerando. A campanha no Kickstarter passou pelo crivo governamental, apesar de prometer distribuir material transgênico não supervisionado por nenhuma agência federal americana. Os ambientalistas esboçaram, claro, preocupação. O grupo de pressão canadense ETC Group e a Amigos da Terra estão procurando meios legais de frear o empreendimento.
Por trás do projeto Glowing Plant há um punhado de empresários e cientistas reunidos sem o respaldo de centros de pesquisa, trabalhando em pequena escala, de forma comunitária e sem tirar um salário. Ou seja, é mais um grupo apostando na biotecnologia artesanal, nos moldes do faça-você-mesmo. Seus principais líderes são Antony Evans, um matemático formado na universidade de Cambridge e com um MBA pela escola de negócios europeia Insead, e Omri Amirav-Drory, PhD em engenharia genética com passagem por Stanford. Evans declarou à mídia que seu grupo provavelmente desenvolverá espécies que só poderão sobreviver se receberem determinados suprimentos nutricionais (fabricados por quem, pergundo eu? Pela Monsanto?), o que reduziria suas possibilidades de disseminação na natureza. Informou também que a equipe pretende abrir uma discussão pública a respeito da ética do processo (a posteriori, creio eu). “Esta foi apenas uma campanha de arrecadação”, declarou. “Não o lançamento da planta, propriamente dito”.
Veja o vídeo abaixo para mais detalhamento:
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Glowing Plant, projeto de biologia sintética que pretende criar árvores fosforescentes que substituam os postes de iluminação pública, levantou em pouco mais de um mês quase meio milhão de dólaresno website de crowdfunding Kickstarter. Com o apoio de mais de 8 mil investidores, os seus promotores encerraram a campanha de arrecadação na sexta após superar em sete vezes sua meta inicial de levantar US$ 65 mil. Quem colaborou receberá sementes engenheiradas para plantar no quintal de casa.
A empresa pretende inserir genes de vagalumes no genoma de rosas e da Arabidopsis thaliana, espécie arbustiva da família da mostarda e do repolho, que funciona como um equivalente vegetal das drosófilas, as moscas das frutas, frequentemente utilizadas em pesquisas científicas. A planta deverá emitir uma fraca luz azulada. A ideia não é de todo inovadora. Desde os anos 80, vários cientistas têm manipulado os genes de vagalumes que levam à síntese da enzima luciferase com a intenção de introduzi-los em plantas e bactérias. O amadurecimento dessa tecnologia parece indicar que a Glowing Plant não encontrará dificuldades em cumprir o que promete em escala – agora, é provável que o brilho produzido ainda não será suficiente para iluminar uma rua.
A revista Nature e o diário The New York Times acabam de publicar artigos detalhando o processo e a controvérsia que ele está gerando. A campanha no Kickstarter passou pelo crivo governamental, apesar de prometer distribuir material transgênico não supervisionado por nenhuma agência federal americana. Os ambientalistas esboçaram, claro, preocupação. O grupo de pressão canadense ETC Group e a Amigos da Terra estão procurando meios legais de frear o empreendimento.
Por trás do projeto Glowing Plant há um punhado de empresários e cientistas reunidos sem o respaldo de centros de pesquisa, trabalhando em pequena escala, de forma comunitária e sem tirar um salário. Ou seja, é mais um grupo apostando na biotecnologia artesanal, nos moldes do faça-você-mesmo. Seus principais líderes são Antony Evans, um matemático formado na universidade de Cambridge e com um MBA pela escola de negócios europeia Insead, e Omri Amirav-Drory, PhD em engenharia genética com passagem por Stanford. Evans declarou à mídia que seu grupo provavelmente desenvolverá espécies que só poderão sobreviver se receberem determinados suprimentos nutricionais (fabricados por quem, pergundo eu? Pela Monsanto?), o que reduziria suas possibilidades de disseminação na natureza. Informou também que a equipe pretende abrir uma discussão pública a respeito da ética do processo (a posteriori, creio eu). “Esta foi apenas uma campanha de arrecadação”, declarou. “Não o lançamento da planta, propriamente dito”.
Veja o vídeo abaixo para mais detalhamento: