As mudanças tecnológicas sempre fizeram vítimas. Com o “fazer Jornalismo” não seria diferente. O advento de novas tecnologias de comunicação e informação está remodelando a profissão no século XXI. Nos bastidores, a criação de novos equipamentos enterrou verdadeiras relíquias das redações.
Para simbolizar essas transformações e o confronto entre passado e futuro do modus operandi, PÁGINA22 usou imagens de instrumentos muito usado em redações (do século passado) e que estão caindo em desuso. Com a ajuda preciosa de Marcius Marques, da Vendo Editorial, explicamos as funções desses instrumentos desconhecidos de muitos focas dos anos 2000.
O primeiro objeto é a simbólica máquina de escrever, que, apesar de representar uma revolução em escritórios e repartições públicas a partir de meados do século XIX, sofreu resistência para ser incorporada às redações. Muitos jornalistas se incomodavam com o “tec-tec” dos aparelhos e preferiam escrever as matérias à mão e levá-las para o linotipista digitar mecanicamente. A partir dos anos 1980, as máquinas de escrever começaram a dar espaço aos computadores para que se ganhasse tempo nos processos de diagramação e publicação. Hoje, são objetos de fetiche de jornalistas e escritores.
Os tipos móveis são velhos conhecidos da indústria editorial. Inventados pelo alemão Johannes Gutemberg, permitiram a produção em massa de livros, revolucionando a relação da sociedade com o conhecimento. Os tipos móveis são posicionados um a um para formar as palavras que são impressas. O linotipista é o nome do responsável pela montagem do quebra-cabeça desse tipos e, assim, dar forma aos textos dos jornais e revistas.
As laudas eram usadas como referência para delimitar o espaço dos textos. Lauda significa corriqueiramente uma página inteira de texto, cuja quantidade de toques (termo usado para designar cada caracter contido nos textos, incluindo espaços) varia de acordo com os tipos usados na impressão.
A principal função das lâminas de diagramação é visualizar melhor a diagramação das páginas das publicações. Diagramar jornais e revistas ainda é uma arte de preencher espaços de forma agradável à leitura. Agora ela é muito facilitada pelos softwares e computadores, mas ainda não dispensa a criatividade e o olhar artístico dos diagramadores.
As réguas de “paicas” têm medidas tipográficas com o padrão anglo-saxão, com 4,233 mm aproximadamente divididos em doze pontos tipográficos. Eram usados em editoras de revistas e jornais para medir o tamanho do corpo das fontes.
Conta-fios são como lupas que auxiliam a identificação do sistema de impressão das publicações. Quando colocado a certa distância das impressões, amplia a reticulagem (os vários pontinhos que, juntos, formam as imagens), o que permite conferir se todas as cores estão impressas corretamente. Ele ainda é um instrumento comum nas gráficas que trabalham com sistemas de impressão não digitais.
Os quadradinhos da última imagem são os cromos, ou positivos das fotos. A função é parecida com a dos negativos de filmes fotográficos (você se lembra deles?)– são originais das fotos usadas nas publicações. A diferença dos cromos para os negativos convencionais é a qualidade da definição e nitidez, sendo que a impressão da imagem do cromo no papel é mais fiel. Já a lupa é usada para verificar a qualidade do cromo sobre a mesa de luz.
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