Cientistas reunidos no Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática preveem uma Terra profundamente alterada pela ação humana, exigindo ações de adaptação. Movimentações políticas engendram propostas para um modelo de desenvolvimento sintonizado mais com uma vida de qualidade e nem tanto com a quantidade de bens consumidos. Há uma percepção difusa de que o modelo hegemônico vigente provoca estragos no ambiente e na capacidade de recarga da Terra, sem que as necessidades e o desejo de bem-estar das pessoas sejam atendidos de forma satisfatória e mais equitativa. Só que, dessa percepção da população à tomada de ações efetivas para mudar o quadro, há uma grande caminhada. Esse relato, que soa tão atual, refere-se na verdade a uma síntese da edição 8 de PÁGINA22, publicada em maio de 2007.
Nossa redação rendeu-se à provocação de que a edição de número 80 instiga para discutir a sociedade de extremos que construímos. No intervalo de seis anos, entre as edições 8 e 80, vemos que muitas questões permanecem as mesmas – e o cenário de extremos intensificou-se –, mas nem por isso deixou de haver evolução. Por serem nada triviais, é de se esperar que as transformações levem décadas. As questões vão e voltam e, nesse movimento de avanço e retrocesso, adicionam camadas, aprofundam-se e sofisticam-se. A equipe de PÁGINA22/GVces sente-se grata por participar da consolidação desse debate civilizatório. Boa leitura!