Existe um “ismo” dentro das listas de preconceitos na sociedade, mas que ainda não é muito discutido: o idadismo, ou ageísmo. O último termo deriva do inglês ageism, descrito pela primeira vez em 1969 pelo gerontologista americano Robert Neil Butler.
A discriminação em função da idade acontece, por exemplo, quando não se dá atenção à opinião da criança ou quando o médico prefere atender um jovem em detrimento de um idoso. Nas empresas, acontece quando alguém com mais de 50 anos é demitido por ser considerado ultrapassado e receber um salário muito alto.
Como parte do processo de envelhecimento do Brasil, estamos no período do chamado “bônus demográfico”, quando a população em idade ativa é maior do que a de dependentes (idosos e crianças), o que aumenta a oferta da mão de obra jovem. “O preconceito com relação aos profissionais mais idosos, acompanhado da forte presença de jovens no mercado de trabalho, é fortalecido pela veneração da juventude pela maioria das sociedades ocidentais”, escreveu Vanessa Cepellos em sua tese de mestrado pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas sobre o envelhecimento nas organizações. Para ela, essa demanda pelos jovens interfere na absorção da mão de obra de acima dos 50.
Para a tese, ela entrevistou 138 gestores de Recursos Humanos de grandes organizações no Brasil e tratou da relação com os funcionários acima de 50 anos.
Uma das conclusões apontadas é que o profissional mais velho tem qualidades que são valorizadas, como fidelidade à empresa, conhecimento do histórico, produtividade, responsabilidade, comprometimento e capacidade de disseminar o comportamento esperado dentro da organização. Estas são características típicas da geração chamada baby boomers (nascida entre 1946 até meados de 1960).
Mesmo assim, as empresas em geral não estimulam o diálogo e a transferência de saberes desses profissionais com os que estão começando agora. Seria interessante, segundo Vanessa, que houvesse uma política de promoção de diálogo, pois os mais e os menos experientes têm muita informação para trocar. Os mais velhos, por exemplo, poderiam ser uma espécie de mentores dos iniciantes.
Como os baby boomers são muito diferentes dos jovens da chamada Geração Y (nascidos entre a década de 1980 e meados dos anos 1990), o diálogo se torna ainda mais difícil. Essa juventude nasceu e cresceu acompanhando a evolução das tecnologias da informação.
Segundo uma pesquisa da consultoria Ernst & Young, divulgada na revista britânica The Economist em outubro, a principal diferença entre os baby boomers e a Geração Y é que os primeiros tendem a “trabalhar duro” para as companhias, enquanto a Geração Y tem uma visão mais empreendedora. (Acesse o vídeo com a pesquisa aqui.)
Colocar essas duas gerações para conversar é o que enriquecerá o ambiente de trabalho e poderá até gerar um aumento de produção, diz Vanessa.
Leia mais:
Nunca houve um intervalo de idade tão grande na população brasileira, o que abre a oportunidade e o desafio de convivência entre gerações, em “Telefone sem fio“
[:en]Existe um “ismo” dentro das listas de preconceitos na sociedade, mas que ainda não é muito discutido: o idadismo, ou ageísmo. O último termo deriva do inglês ageism, descrito pela primeira vez em 1969 pelo gerontologista americano Robert Neil Butler.
A discriminação em função da idade acontece, por exemplo, quando não se dá atenção à opinião da criança ou quando o médico prefere atender um jovem em detrimento de um idoso. Nas empresas, acontece quando alguém com mais de 50 anos é demitido por ser considerado ultrapassado e receber um salário muito alto.
Como parte do processo de envelhecimento do Brasil, estamos no período do chamado “bônus demográfico”, quando a população em idade ativa é maior do que a de dependentes (idosos e crianças), o que aumenta a oferta da mão de obra jovem. “O preconceito com relação aos profissionais mais idosos, acompanhado da forte presença de jovens no mercado de trabalho, é fortalecido pela veneração da juventude pela maioria das sociedades ocidentais”, escreveu Vanessa Cepellos em sua tese de mestrado pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas sobre o envelhecimento nas organizações. Para ela, essa demanda pelos jovens interfere na absorção da mão de obra de acima dos 50.
Para a tese, ela entrevistou 138 gestores de Recursos Humanos de grandes organizações no Brasil e tratou da relação com os funcionários acima de 50 anos.
Uma das conclusões apontadas é que o profissional mais velho tem qualidades que são valorizadas, como fidelidade à empresa, conhecimento do histórico, produtividade, responsabilidade, comprometimento e capacidade de disseminar o comportamento esperado dentro da organização. Estas são características típicas da geração chamada baby boomers (nascida entre 1946 até meados de 1960).
Mesmo assim, as empresas em geral não estimulam o diálogo e a transferência de saberes desses profissionais com os que estão começando agora. Seria interessante, segundo Vanessa, que houvesse uma política de promoção de diálogo, pois os mais e os menos experientes têm muita informação para trocar. Os mais velhos, por exemplo, poderiam ser uma espécie de mentores dos iniciantes.
Como os baby boomers são muito diferentes dos jovens da chamada Geração Y (nascidos entre a década de 1980 e meados dos anos 1990), o diálogo se torna ainda mais difícil. Essa juventude nasceu e cresceu acompanhando a evolução das tecnologias da informação.
Segundo uma pesquisa da consultoria Ernst & Young, divulgada na revista britânica The Economist em outubro, a principal diferença entre os baby boomers e a Geração Y é que os primeiros tendem a “trabalhar duro” para as companhias, enquanto a Geração Y tem uma visão mais empreendedora. (Acesse o vídeo com a pesquisa aqui.)
Colocar essas duas gerações para conversar é o que enriquecerá o ambiente de trabalho e poderá até gerar um aumento de produção, diz Vanessa.
Leia mais:
Nunca houve um intervalo de idade tão grande na população brasileira, o que abre a oportunidade e o desafio de convivência entre gerações, em “Telefone sem fio“