Grupos argumentam que a Conferência de Varsóvia já está perdida e prometem pressionar fortemente as discussões na COP 20, no próximo ano em Lima
Os corredores geralmente cheios do Estádio Nacional hoje parecem um pouco menos movimentados. Em face das pobres expectativas de avanços nas negociações de temas relevantes, como o regime de compensação de perdas e danos e financiamento climático para mitigação e adaptação para países em desenvolvimento, as principais organizações da sociedade civil que estavam presentes em Varsóvia se retiraram formalmente da Conferência. Para a sociedade civil, a COP 19 já não conseguirá entregar resultados positivos e efetivos nos pontos em que existia alguma esperança que as discussões na Polônia pudessem gerar.
Em carta aberta as organizações acusam os governos dos países desenvolvidos de sabotar a própria Convenção e, por sua vez, a busca por soluções contra as mudanças do clima. Segundo a carta, a Conferência de Varsóvia colocou os interesses das indústrias fósseis acima dos da sociedade mundial, com a realização da Coal & Climate Summit durante a própria COP e o posicionamento da própria Polônia ao colocar empresas consideradas poluidoras no rol de “parceiros” da COP.
Esse cenário bastante crítico levou as organizações a se retirar voluntariamente da Conferência de Varsóvia, um ato histórico no contexto das COPs. Na carta, a sociedade civil promete se mobilizar e articular mais atores para pressionar os governos em torno de mais ação política nas negociações na próxima COP, que será realizada em Lima, capital do Peru. Para as organizações da sociedade civil, o processo de negociação dentro das Nações Unidas está comprometido com a postura de países como Austrália e Japão, que recuaram em seus compromissos anteriores de redução de emissões e de financiamento à adaptação para países em desenvolvimento. O fracasso nas discussões sobre financiamento, numa COP em que se esperava que essa agenda tivesse um destaque principal, também é apontado como um fator que desestabiliza as negociações multilaterais atuais em clima e que compromete o processo de construção de um novo regime climático amplo e justo.
Leia abaixo a íntegra (em inglês) da carta apresentada pelas principais organizações da sociedade civil internacional em Varsóvia. Veja também um vídeo em que Hoda Baraka, coordenadora de comunicação do movimento global 350.org, explica os motivos que levaram os grupos a abandonar a COP 19.
Enough is enough.
We have said we stand in solidarity with the millions impacted by Typhoon Haiyan, and with all climate impacted people. Our solidarity compels us to tell the truth about COP 19 – the Warsaw Climate Conference.
The Warsaw Climate Conference, which should have been an important step in the just transition to a sustainable future, is on track to deliver virtually nothing. In fact, the actions of many rich countries here in Warsaw are directly undermining the UNFCCC itself, which is an important multilateral process that must succeed if we are to fix the global climate crisis.
The Warsaw Conference has put the interests of dirty energy industries over that of global citizens – with a “Coal & Climate Summit” being held in conjunction; corporate sponsorship from big polluters plastered all over the venue; and a Presidency (Poland) that is beholden to the coal and fracking industry. When Japan announced that it was following Canada and backtracking on emission cut commitments previously made, and Australia gave multiple signals that it was utterly unwilling to take the UN climate process seriously, the integrity of the talks was further jeopardized.
This week saw a “finance ministerial” with almost no actual finance, and loss and damage talks that have stalled because rich countries refuse to engage on the substance of an international mechanism. Warsaw has not seen any increase in emission reductions nor increased support for adaptation before 2020 – on these things it has actually taken us backward. And a clear pathway to a comprehensive and fair agreement in Paris 2015 is missing.
We as civil society are ready to engage with ministers and delegations who actually come to negotiate in good faith. But at the Warsaw Conference, rich country governments have come with nothing to offer. Many developing country governments are also struggling and failing to stand up for the needs and rights of their people. It is clear that if countries continue acting in this way, the next two days of negotiations will not deliver the climate action the world so desperately needs.
Therefore, organizations and movements representing people from every corner of the Earth have decided that the best use of our time is to voluntarily withdraw from the Warsaw climate talks. Instead, we are now focusing on mobilizing people to push our governments to take leadership for serious climate action. We will work to transform our food and energy systems at a national and global level and rebuild a broken economic system to create a sustainable and low-carbon economy with decent jobs and livelihoods for all. And we will put pressure on everyone to do more to realize this vision.
Coming out of the Warsaw Climate Conference, it is clear that without such pressure, our governments cannot be trusted to do what the world needs. We will return with the voice of the people in Lima to hold our governments accountable to the vision of a sustainable and just future.
ORGANISATIONS AND SOCIAL MOVEMENTS ASSOCIATED WITH THIS STATEMENT:
Aksyon Klima Pilipinas
ActionAid
Bolivian Platform on Climate Change
Construyendo Puentes (Latin America)
Friends of the Earth (Europe)
Greenpeace
Ibon International
International Trade Union Confederation
LDC Watch
Oxfam International
Pan African Climate Justice Alliance
Peoples’ Movement on Climate Change (Philippines)
WWF
*Bruno Toledo está em Varsóvia acompanhando a COP19 para o site Observatório do Clima