A 19ª Conferência das Partes (COP 19) da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança Climática (UNFCCC), em Varsóvia, na Polônia, terminou em novembro passado em clima tenso, com as organizações da sociedade civil abandonando o evento com acusações de que o governo polonês atrapalhou muito ao, por exemplo, sediar simultaneamente um fórum sobre o poluente carvão. Algumas características da reunião das Nações Unidas, no entanto, foram marcantes e devem reverberar nos próximos encontros, possivelmente a favor dos acordos para redução das taxas de emissão de gases de efeito estufa. É no que aposta Silvia Dias, membro do Conselho Deliberativo da organização Vitae Civilis.
Ela acompanha as negociações climáticas desde 2009 e esteve em Varsóvia para a COP 19. Para ela, um dos destaques dessa conferência foi a maior presença de jovens, o que trouxe novas perspectivas sobre a urgência das definições.
“Quando as COPs sobre o clima começaram (a primeira foi em 1995, em Berlim), falava-se que o aquecimento era um problema que nossos filhos e netos enfrentariam. Hoje, nossos filhos e netos são justamente esses jovens que nasceram em um mundo em que nações tentam, sem muito sucesso, fechar acordos para frear a mudança climática”, diz Silvia.
O fato de um tufão ter atingido e devastado as Filipinas às vésperas da COP e de sua intensidade ter sido apontada como provável consequência da mudança climática só enfatizou o que o 5º Relatório do IPCC havia divulgado em setembro.
Houve maior certeza, nas reuniões, sobre a influência da atividade humana no aquecimento global.
Silvia destaca que o novo relatório tornou ainda mais difícil qualificar o aquecimento como um fenômeno meramente natural.
Ponto negativo para a organização polonesa que divulgou, em documentos e em um aplicativo de celular, informações contrárias, negando a causa antrópica do aquecimento.
A juventude que chegou com força nesse momento das negociações deve ficar de olho. Não há mais nenhuma geração para esperar que reuniões anuais resolvam o destino de todos.