Comitê Popular da Copa faz campanha para eleger Fifa a pior organização do planeta
Desde 2005, as ONGs Declaração de Berna e Greenpeace organizam o Public Eye Awards para premiar a pior corporação de todo o planeta. Na edição de 2013, o Brasil marca presença entre os concorrentes – o Comitê Popular da Copa indicou a Fifa por conta dos impactos negativos da realização da Copa no Brasil.
O Comitê defende a “candidatura” apontando as violações a diversos direitos humanos, como o direito à habitação, ao trabalho e de protesto. Segundo o movimento popular, centenas de milhares de pessoas foram deslocadas à força nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo da Fifa de 2014, perdendo seus lares e fontes de subsistência e tendo poucas chances de negociação com o poder público.
Além das remoções, o Comitê também critica as zonas exclusivas de comércio determinadas pela Fifa. Em um raio de até dois quilômetros de distância dos estádios, a venda de produtos e a movimentação de pessoas serão reguladas pela organização, minando as possibilidades de trabalho dos comerciantes de rua.
“A promessa da Fifa de deixar um legado positivo contrasta fortemente com a realidade até agora. Ela parece acreditar que a ‘urgência’ relacionada a seus projetos de infraestrutura, bem como o lucro que eles alegam estar gerando para a sociedade, justificam seu comportamento irresponsável”, acusa o Comitê na página da campanha.
Em resposta, a Fifa se disse surpresa com a indicação, como mostra a matéria do portal Terra. De acordo com a reportagem, a organização alegou que “em todo o tempo sublinhou com as cidades-sede e outras autoridades a importância de que as instalações e estádios construídos ou reformados fossem de acordo com o interesse local”.
A anti-premiação convida o mundo a escolher o pior caso de infração contra o meio ambiente e os direitos humanos. A Universidade de St. Gallen avaliou as 19 nomeações enviadas por organizações da sociedade civil e, entre elas, um júri selecionou os oito casos mais graves para a votação.
Todas as ocorrências estão documentadas detalhadamente no site publiceye.ch, onde os internautas podem votar gratuitamente. Na lista estão também: a empresa sul-africana de energia Eskom, a marca de roupas Gap, a petrolífera Gazprom, a mineradora Glencore Xstrata, o banco HSBC, a pesqueira Marine Harvest e o trio de químicas Syngenta/Bayer/BASF. A votação online fica aberta até o começo do Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, Suíça, de 22 a 24 de Janeiro.
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