PINGUE-PONGUE
De onde surgem suas ideias? Conte-me estórias.
Podem surgir de qualquer coisa vivida, vista, sentida, ouvida, lida. Dos fatos e das coisas que me cercam. Mas isso como um primeiro impulso. Depois, até aquilo virar uma criação artística que possa ser compartilhada, o que faz eclodirem ideias é o próprio embate com a linguagem.
Conforme vou mexendo, refazendo, filtrando, editando, as ideias iniciais vão se transformando, tomando novos caminhos, e que o próprio jogo formal desbrava.
Por isso é que um objeto artístico é insubstituível (intraduzível); pois nele forma e sentido se amalgamam e se tornam indissociáveis. Assim, muitas vezes parto de uma ideia e, no processo, acabo chegando a outras inteiramente diferentes, em geral muito mais interessantes do que aquela que serviu de motivação inicial.
Você experimenta os limites da linguagem. O que lhe interessa no processo de criação/ investigação?
Tenho interesse nessa sondagem dos limites da linguagem. Acho que faz parte não apenas de um processo de exploração das possibilidades que um código me oferece, mas também de um desejo de colocar em xeque o próprio código; a natureza de sua organização e seu uso na comunicação expressiva. Isso me leva, muitas vezes, a procedimentos que se poderia considerar como experimentais.
Ciência e arte são conexões de uma mesma rede?
Creio que, apesar de todas as diferenças – como o fato de a ciência ter aplicações práticas efetivadas pela tecnologia e de os objetos artísticos serem verdadeiros (para usar uma expressão do Paulo Leminski) inutensílios –, a ciência e a arte podem se aproximar: em relação ao exercício de um rigor (mesmo que de modos distintos), necessário para chegar à expressão mais justa (no caso das artes) ou à compreensão dos fenômenos (no caso da ciência); e também, em um sentido mais profundo, na aventura que é a sondagem do desconhecido. Temos alguns exemplos de aproximações desses campos, nos trabalhos de Leonardo da Vinci, ou nas invenções do (escritor e visionário americano Richard) Buckminster Fuller. A partir da modernidade, a arte se livrou um pouco do conceito de subjetividade e as descobertas científicas se identificaram com outros campos do saber, como a afinidade entre a indeterminação quântica e a filosofia taoista.[:en]PINGUE-PONGUE
De onde surgem suas ideias? Conte-me estórias.
Podem surgir de qualquer coisa vivida, vista, sentida, ouvida, lida. Dos fatos e das coisas que me cercam. Mas isso como um primeiro impulso. Depois, até aquilo virar uma criação artística que possa ser compartilhada, o que faz eclodirem ideias é o próprio embate com a linguagem.
Conforme vou mexendo, refazendo, filtrando, editando, as ideias iniciais vão se transformando, tomando novos caminhos, e que o próprio jogo formal desbrava.
Por isso é que um objeto artístico é insubstituível (intraduzível); pois nele forma e sentido se amalgamam e se tornam indissociáveis. Assim, muitas vezes parto de uma ideia e, no processo, acabo chegando a outras inteiramente diferentes, em geral muito mais interessantes do que aquela que serviu de motivação inicial.
Você experimenta os limites da linguagem. O que lhe interessa no processo de criação/ investigação?
Tenho interesse nessa sondagem dos limites da linguagem. Acho que faz parte não apenas de um processo de exploração das possibilidades que um código me oferece, mas também de um desejo de colocar em xeque o próprio código; a natureza de sua organização e seu uso na comunicação expressiva. Isso me leva, muitas vezes, a procedimentos que se poderia considerar como experimentais.
Ciência e arte são conexões de uma mesma rede?
Creio que, apesar de todas as diferenças – como o fato de a ciência ter aplicações práticas efetivadas pela tecnologia e de os objetos artísticos serem verdadeiros (para usar uma expressão do Paulo Leminski) inutensílios –, a ciência e a arte podem se aproximar: em relação ao exercício de um rigor (mesmo que de modos distintos), necessário para chegar à expressão mais justa (no caso das artes) ou à compreensão dos fenômenos (no caso da ciência); e também, em um sentido mais profundo, na aventura que é a sondagem do desconhecido. Temos alguns exemplos de aproximações desses campos, nos trabalhos de Leonardo da Vinci, ou nas invenções do (escritor e visionário americano Richard) Buckminster Fuller. A partir da modernidade, a arte se livrou um pouco do conceito de subjetividade e as descobertas científicas se identificaram com outros campos do saber, como a afinidade entre a indeterminação quântica e a filosofia taoista.