A partir da preocupação com o impacto no meio ambiente gerado pelos seus estilos de vida (e de seus filhos), os pais deparam-se com questões relacionadas ao consumo, utilização e descarte de produtos para o cuidado infantil. Debate recorrente nos grupos com essa preocupação é a respeito da fralda descartável versus de pano.
É mais que sabido que as descartáveis têm impactos negativos desde a produção, com materiais a base de petróleo e consumo de grande quantidade de água, ao descarte, quando sua existência prolonga-se por 600 anos em algum canto de planeta. No entanto, alguns colocam, do outro lado, a necessidade de compreender melhor os impactos decorrentes da produção e da lavagem da fralda de pano para que a decisão seja tomada. Faz sentido.
Para destravar a conversa, cai bem, assim, a análise dos ciclos de vida dos dois produtos, idealmente da produção de suas matérias-prima ao descarte. Por incrível que pareça, em textos recentes, o estudo mais citado a esse respeito é um de 1995, elaborado pela Vizcarra, no Canadá, com financiamento da Procter and Gamble. Assumindo como unidade para a análise o consumo de um bebê por ano, o estudo considera apenas as etapas de produção e uso, não contabiliza o descarte dos produtos, e conclui que as fraldas reutilizáveis higienizadas em lavanderia são a opção de menor impacto ambiental. Em segundo lugar fica a fralda de pano lavada em casa.
Há limitações dessa metodologia de análise e da aplicabilidade desse estudo à realidade brasileira: são muitas as variáveis, opções que são assumidas na análise que poderiam alterar siginificativamente o resultado, como, por exemplo, a temperatura da água de lavagem da fralda e a eficiência do processo da lavanderia. Ainda, a matriz energética do país em questão e a produtividade do cultivo de algodão utilizado na produção são outros elementos relevantes.
De qualquer forma, o resultado merece consideração e soma-se a dados absolutos que impressionam: o uso de fraldas reutilizáveis evita a produção de uma tonelada de resíduos por bebê segundo estudo produzido pela Quercus em 2011 (considerando os dois primeiros ano e meio de vida). Sabendo que, de acordo com o IBGE, nasceram 2,8 milhões de bebês em 2012 no Brasil, trata-se de 2,8 milhões de toneladas de resíduo (que leva em torno de 600 anos para se decompor) lançados no meio ambiente a cada 2,5 anos!
Conscientes ou intuindo tudo isso, esses pais preocupados com o meio ambiente compõem o mercado consumidor que algumas marcas começam a disputar no Brasil. As fraldas de pano de não tão antigamente assim foram repaginadas, mais absorventes e bonitas, pretendem atrair os pais por outros atributos além da sustentabilidade. Vale dar uma olhada no site da Morada da Floresta, que oferece diferentes modelos de acordo com a estação do ano e com estampas estilizadas, e traz informações sobre como manusear as fraldas para aumentar sua eficiência e vida útil.
Eleita a fralda reutilizável, há ainda medidas simples que também colaboram com o balanço ambiental dos pequenos em seus primeiros anos de vida:
- Lavar as fraldas com detergentes ecológicos e não usar amaciante.
- Colocar a máquina de lavar para rodar apenas quando estiver com a carga completa e a menos de 60oC.
- Deixar para secar naturalmente.
- Não passar as fraldas.
- Ofereça as fraldas a outro bebê uma vez que não mais as utilize.
Para os pais antenados, indicações interessantes que andam circulando por aí:
- Quintal de trocas – site que promove a troca de brinquedos, fantasias, livros, etc.
- Isitter – aplicativo gratuito que funciona como babá eletrônica (assim você não precisa comprar uma para deixar na casa dos pais ou dos sogros).
- Mamãe pechincha – aplicativo gratuito, alimentado pelos usuários, que traz a lista dos pontos de venda com melhores preços para as categorias essenciais (fralda, amamentação, higiene.
Mariana Nicolletti