O Imperial College e a University of London anunciam que estão iniciando um estudo de longo prazo para verificar se o uso de celulares e a exposição a ondas de wi-fi oferecem riscos ao cérebro juvenil. Encomendado pelo Departamento de Saúde da Inglaterra, ele vai monitorar o desenvolvimento cognitivo de jovens de 11 e 12 anos. Cerca de 70% dos garotos britânicos nessa faixa de idade têm celular. Aos 14 anos, a porcentagem sobe a 90%. Aproximadamente 2.500 adolescentes de 160 escolas secundárias das proximidades de Londres serão convidados a instalar aplicativos em seus telefones para registrar a frequência e duração do seu uso para chamadas telefônicas, envio de mensagens e navegação na internet. Suas funções cerebrais, inclusive a memória e a atenção, serão avaliadas no início do estudo, após sete e nove anos. Não há precedentes de pesquisas desta extensão envolvendo jovens – uma linha de pesquisa considerada urgente e prioritária pela Organização Mundial da Saúde.
Eu cobri o assunto, com destaque para os protestos dos que se consideram “eletrossensíveis” e a falta de pesquisas conclusivas no artigo Antenas Humanas, publicado aqui na Página 22 em 2008. Desde então, crescem as evidências de que não há razão para preocupação. Um dos coordenadores do novo estudo britânico, o epidemiologista Paul Elliott, diretor do Medical Research Council Centre for Environment and Health (Centro de Pesquisas Médicas em Saúde e Meio Ambiente) do Imperial College, declarou, por exemplo, que:
“as evidências cientîficas disponíveis até o momento são tranquilizadoras e indicam que não há uma relação entre a exposição a ondas de rádio por utilização de celular e a incidência de câncer do cérebro em adultos no curto prazo (menos de dez anos). Mas as evidências disponíveis sobre a utilização intensiva no longo prazo e o uso por crianças são limitadas e pouco claras”.
O Instituto Nacional do Câncer, dos Estados Unidos, tem posição similar e informa que vários estudos demonstraram que não há correlação entre o uso do celular e a ocorrência de câncer do cérebro ou tecidos adjacentes às orelhas. A Organização Mundial da Saúde vai mais longe e afirma que, a despeito dos muitas pesquisas realizadas a respeito, não há evidências de prejuízos à saúde devido aos celulares. Finalmente, uma das iniciativas mais abrangentes na área, o programa Mobile Telecommunications and Health Research, que reúne dezenas de pesquisas e um orçamento de 13,6 milhões de libras, conduzido há 11 anos no Reino Unido, também não encontrou comprovação de riscos. Gostaria, também, de recomentar aos que se preocupam com o tema um excelente balanço sobre os riscos (mínimos) das ondas de wi-fi, publicado há dois anos pelo diário britânico The Guardian.
É claro que toda a atenção é pouca quando tecnologias novas se tornam onipresentes. Vamos acompanhar com atenção os desdobramentos dessa nova pesquisa britânica para tentar chegar a um consenso sobre o assunto e tranquilizar as massas que não desgrudamos de nossos aparelhinhos.
Agradeço à jornalista ambiental Sílvia Marcuzzo pela dica da pauta.[:en]
O Imperial College e a University of London anunciam que estão iniciando um estudo de longo prazo para verificar se o uso de celulares e a exposição a ondas de wi-fi oferecem riscos ao cérebro juvenil. Encomendado pelo Departamento de Saúde da Inglaterra, ele vai monitorar o desenvolvimento cognitivo de jovens de 11 e 12 anos. Cerca de 70% dos garotos britânicos nessa faixa de idade têm celular. Aos 14 anos, a porcentagem sobe a 90%. Aproximadamente 2.500 adolescentes de 160 escolas secundárias das proximidades de Londres serão convidados a instalar aplicativos em seus telefones para registrar a frequência e duração do seu uso para chamadas telefônicas, envio de mensagens e navegação na internet. Suas funções cerebrais, inclusive a memória e a atenção, serão avaliadas no início do estudo, após sete e nove anos. Não há precedentes de pesquisas desta extensão envolvendo jovens – uma linha de pesquisa considerada urgente e prioritária pela Organização Mundial da Saúde.
Eu cobri o assunto, com destaque para os protestos dos que se consideram “eletrossensíveis” e a falta de pesquisas conclusivas no artigo Antenas Humanas, publicado aqui na Página 22 em 2008. Desde então, crescem as evidências de que não há razão para preocupação. Um dos coordenadores do novo estudo britânico, o epidemiologista Paul Elliott, diretor do Medical Research Council Centre for Environment and Health (Centro de Pesquisas Médicas em Saúde e Meio Ambiente) do Imperial College, declarou, por exemplo, que:
“as evidências cientîficas disponíveis até o momento são tranquilizadoras e indicam que não há uma relação entre a exposição a ondas de rádio por utilização de celular e a incidência de câncer do cérebro em adultos no curto prazo (menos de dez anos). Mas as evidências disponíveis sobre a utilização intensiva no longo prazo e o uso por crianças são limitadas e pouco claras”.
O Instituto Nacional do Câncer, dos Estados Unidos, tem posição similar e informa que vários estudos demonstraram que não há correlação entre o uso do celular e a ocorrência de câncer do cérebro ou tecidos adjacentes às orelhas. A Organização Mundial da Saúde vai mais longe e afirma que, a despeito dos muitas pesquisas realizadas a respeito, não há evidências de prejuízos à saúde devido aos celulares. Finalmente, uma das iniciativas mais abrangentes na área, o programa Mobile Telecommunications and Health Research, que reúne dezenas de pesquisas e um orçamento de 13,6 milhões de libras, conduzido há 11 anos no Reino Unido, também não encontrou comprovação de riscos. Gostaria, também, de recomentar aos que se preocupam com o tema um excelente balanço sobre os riscos (mínimos) das ondas de wi-fi, publicado há dois anos pelo diário britânico The Guardian.
É claro que toda a atenção é pouca quando tecnologias novas se tornam onipresentes. Vamos acompanhar com atenção os desdobramentos dessa nova pesquisa britânica para tentar chegar a um consenso sobre o assunto e tranquilizar as massas que não desgrudamos de nossos aparelhinhos.
Agradeço à jornalista ambiental Sílvia Marcuzzo pela dica da pauta.