A Floresta com Araucárias é um dos ecossistemas mais ameaçados do Brasil com apenas 2% da cobertura original ainda restante. A principal causa do desmatamento foi o ciclo madeireiro da segunda metade do século XX.
Além da perda da biodiversidade, a atividade deixou a região com sérios problemas: os investidores se deslocaram para outros locais, a exploração extrativa dos poucos remanescentes florestais permaneceu para muitos como única alternativa de sobrevivência das famílias rurais, ao mesmo tempo em que o esgotamento desses recursos põe em risco a própria sobrevivência dessas famílias.
Araucária + surgiu em 2013 a partir desse contexto. Uma parceria entre a Fundação Grupo Boticário e a Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI) e tem como objetivo a recuperação e conservação da chamada Floresta Ombrófila Mista (FOM), ou Floresta com Araucárias, nos municípios da Serra Caterinense.
O projeto busca atingir seu objetivo alavancando novos produtos e mercados por meio de estimulo à produção sustentável por parte do produtor rural. O pinhão e a erva-mate foram matérias primas foco do projeto. O primeiro é semente da araucária e a segunda é uma árvore nativa da Floresta com Araucárias.
A iniciativa articula, organiza os produtores rurais ao mesmo tempo em que interage com empresas privadas que buscam matérias-primas sustentáveis e estão dispostas a pagar um preço diferenciado por elas, gerando assim um incremento de renda e evitando o êxodo rural de pequenos produtores.
Araucária + foi um dos casos selecionados pela iniciativa Inovação em Desenvolvimento Local, do GVces, por oferecer uma solução sistêmica na medida em que envolve os atores locais, incluindo não apenas os que fazem parte da cadeia de valor, mas também governo, instituições de pesquisa, investidores, ONG’s, entre outros. O princípio do valor compartilhado por meio dessa estruturação gera benefícios ambientais, econômicos e sociais.
A iniciativa encontra-se ainda em fase de implantação. Durante a apresentação feita na quarta oficina de Inovação em Desenvolvimento Local, Marcos Da-Ré, da Fundação Certi, comentou que os principais desafios até o momento eram decorrentes da dificuldade na organização da base de produtores rurais, já que o projeto envolve mudança nos hábitos produtivos e culturais que existem na região há gerações. A falta de recursos financeiros dos produtores para implementar as mudanças e atingir uma escala de considerável ganho socioambiental foram outros desafios apontados.
Milene Fukuda