Evento de divulgação do levantamento contou com a presença do prefeito, Fernando Haddad (PT), do secretário estadual de transportes, Jurandir Fernandes, e de candidatos ao governo do Estado
A Rede Nossa São Paulo divulgou nesta quinta (18) a oitava pesquisa sobre mobilidade urbana, feita em parceria com o Ibope. O levantamento foi realizado com 700 pessoas de mais de 16 anos entre agosto e setembro deste ano. O dado que mais chama a atenção é o aumento do número de carros: o porcentual de paulistanos que têm carro em casa passou de 52%, em 2013, para 62%, em 2014. O crescimento foi registrado em todas as faixas de renda, escolaridade e regiões da cidade. Também subiu de 27% para 38% o índice dos que utilizam o carro todos os dias e quase todos os dias.
Já entre os usuários do carro, passou de 82% para 90% o porcentual de favoráveis à aplicação de multas a quem para na faixa de pedestres. Também subiu de 86% para 88% os que são a favor da construção e ampliação de ciclovias. O tempo gasto total gasto no trânsito, incluindo todos os deslocamentos, é de 2h46. Para quem usa automóvel, é maior: 2h53.
“Muita coisa depende de dinheiro, é claro. Mas muita coisa depende da vontade de fazer. E de uma dose de coragem de tomar medidas que a toda eleição são anunciadas e não são implementadas, porque é difícil contrariar interesses. E o beneficiário das políticas públicas não sai em passeata elogiando o poder público. Quem sai em passeata criticando são as minorias que vêem seus interesses contrariados, mesmo que a lógica imponha outra dinâmica para a cidade”, afirmou no início do evento o prefeito Fernando Haddad (PT).
O paulistano sabe que aqueles que não estão sobre quatro rodas “sofrem” no trânsito da cidade pois, na opinião de 80% dos entrevistados, ciclistas e motociclistas são “muito desrespeitados” ou “um pouco desrespeitados” em São Paulo. A falta de educação dos motoristas parece se estender aos pedestres, já que 52% acham que as faixas estão menos respeitadas (em 2013, eram 41%).
Seca
Na lista dos principais problemas da cidade, o item “abastecimento de água” passou do 18º lugar, em 2013, para o 6º este ano. Também aumentou de 11% para 18% o número de paulistanos que consideram a “poluição da água” como tipo de poluição mais grave. E de 8% para 21% os que consideram a “falta de chuvas” como responsável pela poluição do ar.
“Hoje a sustentabilidade está na agenda não só pela força do movimento que vem alçando o tema a uma prioridade, mas também pelo agravamento da situação que vemos acontecer. O Sudeste do Brasil, por exemplo, só tem chuvas por causa da Amazônia. Se perdermos a floresta, ficamos sem chuva”, resume Oded Grajew, Coordenador Geral da Rede Nossa São Paulo.
Recentemente, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgou a taxa consolidada oficial do desmatamento na Amazônia para o período entre agosto de 2012 e julho de 2013, medida pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (PRODES): 5.891 quilômetros quadrados sofreram remoção completa da vegetação, o que dá 29% de aumento em relação ao período 2011-2012.
Apesar dos pesares, passou de 61% para 66% o índice dos que consideram São Paulo um lugar “bom” e “ótimo” para morar (sendo de 13% para 18% os que acham a cidade um lugar “ótimo”).
Cantilena dos trilhos
Entre os candidatos presentes (ou seus representantes), que debateram ao final do evento, repetiu-se o mantra da prioridade do transporte sobre trilhos.
“A maior parte da população sabe que precisamos disso”, admitiu Anicia Pio, que substituiu o candidato Paulo Skaf (PMDB) no evento.
“Queremos levar o metrô para o ABC, Osasco, Guarulhos”, disse Alexandre Padilha (PT).
O candidato da coligação PSOL/PSTU, Gilberto Maringoni, salientou o papel do Estado como articulador e fiscal nos processos de melhora do transporte público. “Se deixarmos a questão da mobilidade urbana na mão do mercado, vai ficar ao sabor do mais forte, do carro maior, do helicóptero”, sentenciou.
A pesquisa apontou ainda que 41% dos entrevistados se disse favorável à implementação do passe livre para todos os usuários do transporte público em São Paulo.
O tempo gasto total gasto no trânsito, incluindo todos os deslocamentos, é de 2h46. Para quem usa automóvel, é maior: 2h53.