2014 será lembrado:
- pelo assustador vírus ebola, que já matou mais de 7 mil africanos desde março;
- pela queda dramática do preço do petróleo associada à expansão da extração do polêmico gás de xisto;
- pelo barateamento e a consolidação da geração eólica e solar;
- pelo surpreendente pacto sino-americando de redução das emissões de carbono;
- pelo graffiti desmiolado do Greenpeace junto às linhas de Nazca;
- e, finalmente, pela nomeação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura e Aldo Rebelo para a Ciência, Tecnologia e Inovação, notícia que dispensa comentários.
Mas uma série de outros acontecimentos transformadores, porém mais discretos, não podem faltar numa retrospectiva do ano socioambiental:
- Os ativistas brilharam, sobretudo quando reunidos em grandes protestos contra as mudanças climáticas. O diário The Guardian lembra algumas das melhores campanhas de 2015, dentre elas a luta da Amigos da Terra britânica para salvar as abelhas, e a da ONG 350.org pelo fim dos investimentos em combustíveis fósseis (particularmente bem-sucedida, convencendo inclusive a fundação da família Rockefeller, que fez fortuna com o petróleo, a se abster de investir nesse setor). Veja no vídeo ao lado uma das campanhas citadas pelo jornal: a paródia do filme “Uma Aventura Lego” feita pelo Greenpeace, uma crítica à parceria da fábrica de brinquedos com a Shell;
- Uma série de multinacionais, inclusive Unilever, Cargill e Asia Pulp and Paper, comprometeram-se a trabalhar para reduzir o ritmo mundial de desmatamento à metade até 2020 e pela sua total eliminação até 2030. Elas são signatárias da Declaração de Florestas, anunciada durante a cúpula climática que ocorreu em Nova York em setembro. Outra iniciativa digna de nota lançada durante o evento foi o lançamento do grupo RE 100, formado por grandes empresas que se propõem a utilizar exclusivamente energia renovável a partir de 2020. Nestlé, Ikea e Swiss Re estão entre as participantes;
- Numa outra nota positiva do mundo corporativo: A Índia aprovou lei obrigando as empresas a destinarem 2% de seus lucros ao desenvolvimento social;
- Entretanto, o ano foi deprimente para quem acompanha a perda da diversidade animal, com um crescimento importante na caça aos grandes mamíferos africanos. Além disso, o WWF lançou um relatório em setembro em que conclui que os 40 anos entre 1970 e 2010 tiveram uma queda de 52% nas populações de aves, répteis, anfíbios e peixes. Em contraste, no mesmo período, a população humana quase dobrou, passando de 3,7 bilhões para 7,2 bilhões.
- Por fim, 2014 foi o ano de uma aridez memorável que atingiu de São Paulo à Guatemala e ao Quênia. A Califórnia, um dos principais celeiros dos Estados Unidos, maior produtora de leite, frutas, nozes e saladas do país, passou pelo quarto ano de uma seca sem precedentes e que está longe de ser mitigada, apesar da chegada da estação das chuvas.
Feito o balanção, o que esperar de 2015? Aqui, três eventos que prometem ser o centro das atenções no próximo ano:
- Em março, durante visita às Filipinas, o Papa Francisco vai anunciar uma encíclica “verde”, orientando 1,2 bilhão de católicos a reavaliarem suas relações com a Criação. Não por acaso, o anúncio deverá ser feito em Tacloban, cidade devastada por um tufão em 2012. Um dos objetivos da publicação, que provavelmente será uma crítica ao consumismo e à deificação do dinheiro, é influenciar o conturbado debate climático;
- as Nações Unidas preparam-se para lançar, no segundo semestre, um desdobramento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, com metas mais sistêmicas e focadas na sustentabilidade: os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável;
- a COP-21, Cúpula do Clima a ser realizada em Paris em dezembro, tentará gerar um compromisso internacional de redução de emissões de gases-estufa.
A vocês que me acompanham neste espaço, desejo muita saúde e inspiração em 2015 para que vocês possam enfrentar emoções tão fortes.[:en]
2014 será lembrado:
- pelo assustador vírus ebola, que já matou mais de 7 mil africanos desde março;
- pela queda dramática do preço do petróleo associada à expansão da extração do polêmico gás de xisto;
- pelo barateamento e a consolidação da geração eólica e solar;
- pelo surpreendente pacto sino-americando de redução das emissões de carbono;
- pelo graffiti desmiolado do Greenpeace junto às linhas de Nazca;
- e, finalmente, pela nomeação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura e Aldo Rebelo para a Ciência, Tecnologia e Inovação, notícia que dispensa comentários.
Mas uma série de outros acontecimentos transformadores, porém mais discretos, não podem faltar numa retrospectiva do ano socioambiental:
- Os ativistas brilharam, sobretudo quando reunidos em grandes protestos contra as mudanças climáticas. O diário The Guardian lembra algumas das melhores campanhas de 2015, dentre elas a luta da Amigos da Terra britânica para salvar as abelhas, e a da ONG 350.org pelo fim dos investimentos em combustíveis fósseis (particularmente bem-sucedida, convencendo inclusive a fundação da família Rockefeller, que fez fortuna com o petróleo, a se abster de investir nesse setor). Veja no vídeo ao lado uma das campanhas citadas pelo jornal: a paródia do filme “Uma Aventura Lego” feita pelo Greenpeace, uma crítica à parceria da fábrica de brinquedos com a Shell;
- Uma série de multinacionais, inclusive Unilever, Cargill e Asia Pulp and Paper, comprometeram-se a trabalhar para reduzir o ritmo mundial de desmatamento à metade até 2020 e pela sua total eliminação até 2030. Elas são signatárias da Declaração de Florestas, anunciada durante a cúpula climática que ocorreu em Nova York em setembro. Outra iniciativa digna de nota lançada durante o evento foi o lançamento do grupo RE 100, formado por grandes empresas que se propõem a utilizar exclusivamente energia renovável a partir de 2020. Nestlé, Ikea e Swiss Re estão entre as participantes;
- Numa outra nota positiva do mundo corporativo: A Índia aprovou lei obrigando as empresas a destinarem 2% de seus lucros ao desenvolvimento social;
- Entretanto, o ano foi deprimente para quem acompanha a perda da diversidade animal, com um crescimento importante na caça aos grandes mamíferos africanos. Além disso, o WWF lançou um relatório em setembro em que conclui que os 40 anos entre 1970 e 2010 tiveram uma queda de 52% nas populações de aves, répteis, anfíbios e peixes. Em contraste, no mesmo período, a população humana quase dobrou, passando de 3,7 bilhões para 7,2 bilhões.
- Por fim, 2014 foi o ano de uma aridez memorável que atingiu de São Paulo à Guatemala e ao Quênia. A Califórnia, um dos principais celeiros dos Estados Unidos, maior produtora de leite, frutas, nozes e saladas do país, passou pelo quarto ano de uma seca sem precedentes e que está longe de ser mitigada, apesar da chegada da estação das chuvas.
Feito o balanção, o que esperar de 2015? Aqui, três eventos que prometem ser o centro das atenções no próximo ano:
- Em março, durante visita às Filipinas, o Papa Francisco vai anunciar uma encíclica “verde”, orientando 1,2 bilhão de católicos a reavaliarem suas relações com a Criação. Não por acaso, o anúncio deverá ser feito em Tacloban, cidade devastada por um tufão em 2012. Um dos objetivos da publicação, que provavelmente será uma crítica ao consumismo e à deificação do dinheiro, é influenciar o conturbado debate climático;
- as Nações Unidas preparam-se para lançar, no segundo semestre, um desdobramento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, com metas mais sistêmicas e focadas na sustentabilidade: os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável;
- a COP-21, Cúpula do Clima a ser realizada em Paris em dezembro, tentará gerar um compromisso internacional de redução de emissões de gases-estufa.
A vocês que me acompanham neste espaço, desejo muita saúde e inspiração em 2015 para que vocês possam enfrentar emoções tão fortes.