Ainda não será desta vez. O governo da França, maior produtor agrícola da Europa e terceiro maior consumidor de agrotóxicos do planeta, anunciou que não será possível cumprir a meta de cortar o consumo nacional de pesticidas à metade até 2018. Esse objetivo foi estabelecido em 2008, quando foi lançado o plano Écophyto de promoção da agroecologia. O ministro da Agricultura, Stéphane Le Foll, declarou na sexta que o prazo de cumprimento desse objetivos do plano teve de ser adiado até 2025. Uma meta intermediária de redução do consumo em 25% deverá ser cumprida até 2020.
Em 2012, Le Foll já havia cantado essa bola, indicando que o plano original era ambicioso demais e pouco realista, visto que o consumo de defensivos estava aumentando. Ele cresceu 9,2% entre 2012 e 2013, o dado mais recente disponível. Segundo o ministro, a meta estabelecida em 2008 foi um tanto aleatória, definida sem uma avaliação sóbria do modelo agrícola do país.
Le Foll costuma declarar que a promoção de um modelo agroecológico, que “concilie os desempenhos econômico e ecológico”, é uma prioridade absoluta de seu mandato. Numa longa entrevista publicada pelo diário Libération, ele reafirma essa visão e classifica os agrotóxicos como “bombas de efeito retardado”. Ele promete ampliar de 40 para 70 milhões de euros os subsídios para coibir seu uso, recursos que serão obtidos com a elevação dos impostos cobrados sobre a venda de agrotóxicos. O governo também deverá difundir as boas práticas com a ampliação de 2 mil para 3 mil o número de fazendas Dephy – projetos pioneiros dedicados à produção com baixo consumo de pesticidas. Le Foll também anunciou que o governo vai testar um modelo de certificação de produtos cultivados com uma dosagem de agrotóxicos pelo menos 20% abaixo da média. Produtores que não conseguirem obter o certificado serão punidos. Por outro lado, as empresas que conseguirem superar a meta poderão ser beneficiadas, vendendo créditos, à semelhança do que ocorre no mercado de carbono.
Como é de se prever, o Plano Écophyto enfrenta críticas vindas dos dois lados da mesa de negociações. Ambientalistas consideram as medidas governamentais tímidas, enquanto no setor agrícola se sente penalizado. Mas é um plano bastante ousado, se comparado com as políticas agrícolas de outros países, inclusive o Brasil.[:en]
Ainda não será desta vez. O governo da França, maior produtor agrícola da Europa e terceiro maior consumidor de agrotóxicos do planeta, anunciou que não será possível cumprir a meta de cortar o consumo nacional de pesticidas à metade até 2018. Esse objetivo foi estabelecido em 2008, quando foi lançado o plano Écophyto de promoção da agroecologia. O ministro da Agricultura, Stéphane Le Foll, declarou na sexta que o prazo de cumprimento desse objetivos do plano teve de ser adiado até 2025. Uma meta intermediária de redução do consumo em 25% deverá ser cumprida até 2020.
Em 2012, Le Foll já havia cantado essa bola, indicando que o plano original era ambicioso demais e pouco realista, visto que o consumo de defensivos estava aumentando. Ele cresceu 9,2% entre 2012 e 2013, o dado mais recente disponível. Segundo o ministro, a meta estabelecida em 2008 foi um tanto aleatória, definida sem uma avaliação sóbria do modelo agrícola do país.
Le Foll costuma declarar que a promoção de um modelo agroecológico, que “concilie os desempenhos econômico e ecológico”, é uma prioridade absoluta de seu mandato. Numa longa entrevista publicada pelo diário Libération, ele reafirma essa visão e classifica os agrotóxicos como “bombas de efeito retardado”. Ele promete ampliar de 40 para 70 milhões de euros os subsídios para coibir seu uso, recursos que serão obtidos com a elevação dos impostos cobrados sobre a venda de agrotóxicos. O governo também deverá difundir as boas práticas com a ampliação de 2 mil para 3 mil o número de fazendas Dephy – projetos pioneiros dedicados à produção com baixo consumo de pesticidas. Le Foll também anunciou que o governo vai testar um modelo de certificação de produtos cultivados com uma dosagem de agrotóxicos pelo menos 20% abaixo da média. Produtores que não conseguirem obter o certificado serão punidos. Por outro lado, as empresas que conseguirem superar a meta poderão ser beneficiadas, vendendo créditos, à semelhança do que ocorre no mercado de carbono.
Como é de se prever, o Plano Écophyto enfrenta críticas vindas dos dois lados da mesa de negociações. Ambientalistas consideram as medidas governamentais tímidas, enquanto no setor agrícola se sente penalizado. Mas é um plano bastante ousado, se comparado com as políticas agrícolas de outros países, inclusive o Brasil.