Conferência internacional discutirá conservação nas Águas Amazônicas
Evento pretende apresentar resultados de estudos e fortalecer parcerias, com foco no desenvolvimento de ações efetivas para a conservação das águas, da biodiversidade e paisagens aquáticas da região
Nos dias 19 e 20 de maio, a conferência internacional “Águas Amazônicas: Escalas, Conexões e Desafios” discutirá, em Manaus, como consolidar propostas para ampliar as ações de conservação na Bacia Amazônica, considerando a importância dos recursos, dos ambientes aquáticos e dos modos de vida tradicionais da região. O evento é uma iniciativa da Wildlife Conservation Society (WCS Brasil) – que tem como marco o Projeto SNAP – Ciência para a Natureza e Gente – e é implementado em colaboração com a The Nature Conservancy (TNC) e o National Center for Ecological Analysis and Synthesis (NCEAS). Estarão presentes diversas instituições da Amazônia brasileira e peruana.
Hoje, só no Brasil, cerca de 50% da Bacia Amazônica está protegida em unidades de conservação, terras indígenas ou territórios quilombolas. No entanto, estudos demonstram que esse percentual não é suficiente para garantir a conservação da biodiversidade e dos modos de vida dos povos regionais. Para a manutenção do ciclo da água, das conexões ecológicas e dos serviços ecossistêmicos são necessárias ações de conservação e manejo que extrapolem os limites dessas áreas protegidas.
“O manejo inadequado dos recursos naturais, o desmatamento, o crescimento descontrolado das cidades e as mudanças climáticas representam grandes ameaças à biodiversidade e aos modos de vida amazônicos”, explica Carlos Durigan, diretor da WCS Brasil. Grandes investimentos em obras de infraestrutura (hidrelétricas e estradas), expansão de atividades de mineração em larga escala, agropecuária, madeireiras e pesca descontrolada têm gerado impactos socioambientais significativos sobre a Amazônia, onde pelo menos 20% das florestas já foram degradadas, reduzindo as possibilidades de se construir um modelo de desenvolvimento de baixo impacto.
O cenário atual da região é preocupante. Mais de uma centena de projetos de novas hidrelétricas estão previstos para a Amazônia, alguns já em fase de implementação, gerando uma série de impactos irreversíveis. A pressão sobre os recursos naturais tem aumentado de forma vertiginosa e sem controle. Extremos climáticos são sentidos a cada ano e se somam aos demais impactos negativos que afetam a qualidade de vida das pessoas que vivem na região.
“A comunidade científica e ambientalista não se opõe ao desenvolvimento regional, mas este deve ser construído de forma participativa e tendo como base a conservação da biodiversidade, tão importante para a sustentação dos modos de vida amazônicos e para a manutenção dos ciclos ecossistêmicos globais. A manutenção da conectividade entre os elementos que compõem as paisagens naturais regionais, aquáticas e terrestres é crucial para a construção de um modelo de desenvolvimento responsável e sustentável para a região”, alerta Durigan.
A conferência tem como objetivos apresentar os resultados do Grupo de Trabalho Amazônia Ocidental do SNAP, com uma série de análises científicas para auxiliar identificar processos chaves para serem considerados nas tomadas de decisão para ações na região e a Iniciativa Águas Amazônicas, através da qual a WCS pretende construir alianças em prol da conservação na Amazônia baseada nas conexões propiciadas pelas suas águas.
Fundada em 1895, a WCS atua no Brasil desde a década de 70 em ações de conservação da vida silvestre e paisagens naturais, com foco nos Biomas Pantanal e Amazônia.