O empreendedorismo de quase 1.500 mulheres que adquirem equipamentos solares e os revendem em suas comunidades, num modelo comercial semelhante ao da indústria de cosméticos Avon, está ajudando a disseminar a geração de baixo impacto ambiental em regiões da África Subsaariana sem acesso à rede de distribuição de energia. As revendedoras são recrutadas em Uganda, na Tanzânia e na Nigéria pela não-governamental Solar Sister, que lhes oferece treinamento básico, apoio técnico e a possibilidade de adquirir, a preço de custo, lâmpadas, carregadores de celular e painéis solares. Elas são remuneradas pelo valor adicional que conseguem incluir no preço ao consumidor. Veja ao lado vídeo promocional da iniciativa, em inglês.
Katherine Lucey, idealizadora da iniciativa, disse em entrevista esta semana ao site Co.Exist, da revista Fast Company, que o projeto nasceu da percepção de que as mulheres são as responsáveis pela iluminação de suas casas com querosene – e que elas seriam capazes de criar uma rede de confiança e comunicação boca a boca eficaz. As vendedoras conseguem levantar entre US$ 10 e US$ 200 por mês – não é o suficiente para sustentar a família, mas é uma contribuição de impacto em comunidades extremamente pobres e com poucas possibilidades de geração de renda. A Solar Sister, por sua vez, mantem-se com doações e, em menor escala, com as comissões sobre as vendas. No ano passado seus ingressos ficaram na casa de US$ 1,4 milhões.
Pelos cálculos da entidade, cerca de 300 mil toneladas de gás carbônico já deixaram de ser emitidas graças ao esforço dessas mulheres. Os impactos sociais são ainda mais importantes do que os ambientais. O acesso à energia confiável e barata permite ampliar o número de horas diárias de trabalho de pequenos artesãos ou de estudo das crianças. Ele também limita o uso de lampiões de querosene, que têm a propensão de causar incêndios e queimaduras. Além disso, a Solar Sister estima que 85% da população rural desses países tem acesso a celulares, utilizados para ampliar seus horizontes e fazer negócios, mas apenas 5% têm onde carregar esses telefones. Resolver esse problema pode ser revolucionário na vida dessas comunidades.
Este ano, a Solar Sister ampliou consideravelmente sua exposição na mídia, após ser homenageada num evento da Clinton Global Iniciative, criada pelo ex-presidente americano Bill Clinton. Agora ela se prepara para expandir suas atividades para o Quênia e recrutar mais 3 mil mulheres.
O Solar Sister guarda alguma semelhança com o projeto Lighting a Billion Lives (Iluminando um bilhão de vidas), também engajado na promoção da geração solar e de renda em comunidades extremamente pobres. Este último é uma iniciativa do The Energy and Resources Institute, organização de Nova Delhi que já foi dirigida por Rajendra Pachauri, também ex- presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Desde 2008 o projeto vem estabelecendo parcerias com organizações comunitárias indianas. Juntos, eles já conseguiram levar equipamentos solares para mais de meio milhão de casas em quase 2,6 mil aldeias. A iniciativa gerou 2.500 empregos – mulheres locais são contratadas para administrar as estações de carregamento das lâmpadas solares geridas pela comunidade e que alugam as lanternas para a população local.
Seria interessante pensar na viabilidade de se criar uma versão brasileira dessas iniciativas, para levar energia a áreas mais isoladas?[:en]O empreendedorismo de quase 1.500 mulheres que adquirem equipamentos solares e os revendem em suas comunidades, num modelo comercial semelhante ao da indústria de cosméticos Avon, está ajudando a disseminar a geração de baixo impacto ambiental em regiões da África Subsaariana sem acesso à rede de distribuição de energia. As revendedoras são recrutadas em Uganda, na Tanzânia e na Nigéria pela não-governamental Solar Sister, que lhes oferece treinamento básico, apoio técnico e a possibilidade de adquirir, a preço de custo, lâmpadas, carregadores de celular e painéis solares. Elas são remuneradas pelo valor adicional que conseguem incluir no preço ao consumidor. Veja ao lado vídeo promocional da iniciativa, em inglês.
Katherine Lucey, idealizadora da iniciativa, disse em entrevista esta semana ao site Co.Exist, da revista Fast Company, que o projeto nasceu da percepção de que as mulheres são as responsáveis pela iluminação de suas casas com querosene – e que elas seriam capazes de criar uma rede de confiança e comunicação boca a boca eficaz. As vendedoras conseguem levantar entre US$ 10 e US$ 200 por mês – não é o suficiente para sustentar a família, mas é uma contribuição de impacto em comunidades extremamente pobres e com poucas possibilidades de geração de renda. A Solar Sister, por sua vez, mantem-se com doações e, em menor escala, com as comissões sobre as vendas. No ano passado seus ingressos ficaram na casa de US$ 1,4 milhões.
Pelos cálculos da entidade, cerca de 300 mil toneladas de gás carbônico já deixaram de ser emitidas graças ao esforço dessas mulheres. Os impactos sociais são ainda mais importantes do que os ambientais. O acesso à energia confiável e barata permite ampliar o número de horas diárias de trabalho de pequenos artesãos ou de estudo das crianças. Ele também limita o uso de lampiões de querosene, que têm a propensão de causar incêndios e queimaduras. Além disso, a Solar Sister estima que 85% da população rural desses países tem acesso a celulares, utilizados para ampliar seus horizontes e fazer negócios, mas apenas 5% têm onde carregar esses telefones. Resolver esse problema pode ser revolucionário na vida dessas comunidades.
Este ano, a Solar Sister ampliou consideravelmente sua exposição na mídia, após ser homenageada num evento da Clinton Global Iniciative, criada pelo ex-presidente americano Bill Clinton. Agora ela se prepara para expandir suas atividades para o Quênia e recrutar mais 3 mil mulheres.
O Solar Sister guarda alguma semelhança com o projeto Lighting a Billion Lives (Iluminando um bilhão de vidas), também engajado na promoção da geração solar e de renda em comunidades extremamente pobres. Este último é uma iniciativa do The Energy and Resources Institute, organização de Nova Delhi que já foi dirigida por Rajendra Pachauri, também ex- presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Desde 2008 o projeto vem estabelecendo parcerias com organizações comunitárias indianas. Juntos, eles já conseguiram levar equipamentos solares para mais de meio milhão de casas em quase 2,6 mil aldeias. A iniciativa gerou 2.500 empregos – mulheres locais são contratadas para administrar as estações de carregamento das lâmpadas solares geridas pela comunidade e que alugam as lanternas para a população local.
Seria interessante pensar na viabilidade de se criar uma versão brasileira dessas iniciativas, para levar energia a áreas mais isoladas?