O arroz, onipresente na dieta de asiáticos e latino-americanos, é um dos principais responsáveis pela emissão de metano, um dos gases mais agressivos na promoção das mudanças climáticas. Os arrozais emitem entre 7% e 17% das emissões globais de metano, um volume estimado em até 100 milhões de toneladas anuais do gás. E o metano atmosférico é responsável por um quinto das emissões associadas ao efeito estufa geradas desde o início da Revolução Industrial.
Até agora, não havia uma possibilidade concreta de se reduzir tal emissão, já que é inconcebível diminuir a produção global do grão, que é a base da alimentação de mais da metade da população do planeta. Entretanto, um artigo publicado na edição mais recente da revista Nature (“Expression of barley SUSIBA2 transcription factor yields high-starch low-methane rice”) sugere uma solução tecnológica que poderia reduzir drasticamente tais emissões. Pesquisadores suecos, chineses e americanos, sob coordenação do botânico chinês Chuanxin Sun, da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas, desenvolveram uma variedade de arroz geneticamente modificada que apresenta maiores teores de amido, tem mais biomassa para produção de bioenergia e tem a vantagem adicional de praticamente não emitir metano.
Para obter tal resultado, os cientistas introduziram um único gene de cevada no material genético do arroz convencional. A planta resultante é capaz de absorver quantidades muito maiores de gás carbônico e concentrá-lo nas folhas e grãos. A presença de carbono nas raízes é reduzida drasticamente, cortando o suprimento dos micróbios produtores de metano, abundantes no solo. Áreas plantadas com sementes modificadas foram monitoradas pelos cientistas ao longo de três anos e comparadas a plantios tradicionais – os resultados observados foram bastante promissores. O arroz transgênico apresentava um sistema radicular muito menos desenvolvido, circundado por poucas bactérias produtoras de metano. Por isso, a nova variedade emitia menos de 10% do metano comumente gerado por plantações convencionais. Os pesquisadores continuarão a monitorar essas plantações, para verificar se as plantas “engenheiradas” não oferecem riscos à saúde dos consumidores e ao meio ambiente.