Um punhado de termelétricas e refinarias de petróleo já dispõem de filtros capazes de reter o gás carbônico concentrado expelido por suas chaminés. Mas esta semana uma empresa suíça anunciou que está construindo uma unidade de sequestro de carbono que dá um passo à frente e é capaz de absorver CO2 diluído no ar.
A usina-piloto que a Climeworks pretende inaugurar em meados do ano perto de Zurique é capaz de capturar 900 toneladas anuais do gás, quantidade relativamente modesta, equivalente às emissões de 200 carros. O sistema consiste de um equipamento que aspira e retém o gás num filtro que libera CO2 após ser aquecido. A unidade será instalada junto a um incinerador de resíduos domésticos pertencente à empresa local de saneamento básico, KEZO. Esta fornecerá o calor e a energia necessários à operação.
O projeto-piloto, com duração de três anos, tem custo estimado entre 3 e 4 milhões de francos suíços (US$ 3,5 a 4,5 milhões) e conta com apoio do Departamento de Energia da Suíça. Uma de suas principais metas é comprovar que essa tecnologia tem condições de ser desenvolvida em larga escala com viabilidade econômica.
O dióxido de carbono capturado será comercializado – a Climeworks venderá sua produção inicial para uma estufa, que utilizará o gás para aumentar a produção de alfaces, tomates e outros vegetais em até 20%. No curto prazo a empresa também pretende negociar a venda do carbono atmosférico purificado para indústrias de refrigerantes carbonatados. Mas seu objetivo final é desenvolver um mercado de combustíveis sintéticos que utilizem gás carbônico, água e energia renovável para produzir uma alternativa neutra em emissões que possa competir com os biocombustíveis, que exigem a ocupação de áreas agricultáveis com monoculturas com fins energéticos.
A Climeworks não é a única empresa engajada em desenvolver um modelo de sequestro de carbono atmosférico em escala. Outras tecnologias aparentadas estão sendo exploradas pela canadense Carbon Engineering e a americana Global Thermostat. E várias empresas estão trabalhando para aperfeiçoar a remoção das emissões de termelétricas a gás e carvão. Há poucas semanas, a americana Ion Engineering anunciou ter completado uma rodada de testes de uma nova tecnologia capaz de remover até 99% do carbono emitido por essas fontes.